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Anh Nguyet Tran, criadora da Liaison Linguistics | Reprodução
Anh Nguyet Tran, criadora da Liaison Linguistics| Foto: Reprodução

É fantástico perceber que hoje, no oeste de Michigan, as pessoas falam mais de 120 línguas. E é ainda mais incrível, para mim, poder ajudar tantas famílias de imigrantes a integrarem-se em nossa sociedade. 

Eu sei de onde eles vêm. 

Minha história começa a bordo de um barco com 100 outras pessoas na primavera de 1975, minha família e eu sacolejando enquanto nosso amado Vietnã do Sul caía em mãos comunistas. Nós vivemos por meses como refugiados antes de finalmente encontrar tranquilidade em Grand Rapids, no estado de Michigan. (Graças à acolhida de uma Igreja Cristã Reformada no bairro de Alger Heights). 

Desde cedo, eu fiquei interessada pela ideia de me tornar professora, mas questões linguísticas me impediram de ter bons resultados nos exames. A maioria dos meus professores eram muito gentis, mas um deles, respondendo a uma nota baixa que eu havia tirado, zombou de mim, “Você deveria ter ido melhor; você está aqui já faz um ano”. 

Sem medo, eu me matriculei em aulas de inglês como segunda língua enquanto continuava com as minhas aulas regulares, e me graduei em 1980 na Universidade Grand Valley State, como uma enfermeira licenciada. Trabalhei por um curto período na enfermaria de um hospital psiquiátrico, mas não pude aguentar os desafios da profissão. Eu me casei, voltei para a Ásia – para o Japão – onde consegui um emprego nas Nações Unidas, ajudando a realojar refugiados e, mais tarde, trabalhei como intérprete e tradutora. Eu servi como o elo entre a ONU, os governos de Japão e Coreia e refugiados da Indochina, muitos dos quais requeriam realocação ao redor do mundo. 

Finalmente, eu me vi de volta em Grand Rapids. Percebendo que havia aqui uma crescente necessidade pelas minhas habilidades, comecei um negócio em meu porão – Liaison Linguistics – para ajudar não-falantes de inglês. Aquela se tornou a minha carreira e, agora, o trabalho da minha vida. (E eu não trabalho mais em meu porão!) Eu emprego pelo menos 250 intérpretes e tradutores, alguns dos quais são fluentes em até sete línguas. Temos falantes de turco? Sim. Dinka? Sim. Mam? Claro. Suaíle? Com certeza. 

Nós estamos envolvidos em virtualmente qualquer espaço em que palavras sejam faladas ou escritas – o sistema judicial, escolas, unidades médicas, locais de trabalho e fábricas. Nós fornecemos principalmente serviços de interpretação e traduções escritas, com interpretação ao vivo disponível na região metropolitana de Grand Rapids e no Michigan. Nosso conhecimento em línguas raras e dialetos nos diferencia; nós também traduzimos documentos em 30 línguas diferentes. 

A Mercy Health é uma parceria que reúne hospitais, médicos e profissionais da saúde no oeste de Michigan. Eles têm elogiado o nosso “eficiente profissionalismo e rápida resposta” a pedidos de interpretação – e reconhecem o nosso “forte envolvimento com a comunidade culturalmente diversa de Grand Rapids”. Nós fornecemos serviços de tradução de línguas frequentemente consideradas difíceis – desde albanês e assírio até zaghawa e zulu. Para compor o cenário, nós cobrimos 16 línguas faladas em Mianmar (Birmânia) e a Língua de Sinais Americana. 

Particularmente satisfatório é o trabalho nas Escolas Públicas de Kentwood. Duas vezes ao ano, nós formamos uma parceria com mães e pais participando de conferências de pais e professores. Já lidamos com 450 conferências em apenas dois ou três dias. 

Trabalhar como intérprete oferece benefícios: você é bem recompensado pelo seu tempo e habilidade. Você sabe que está ajudando outra pessoa assim como a sua comunidade. E toda a vez que você vai trabalhar, você aprende algo novo.

*Anh Nguyet Tran foi tradutora e intérprete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Japão e na Coréia. Ela trabalhou no Japão por mais de sete anos e foi responsável por ser a ligação entre o ACNUR e o governo japonês, o governo coreano e os refugiados indochineses. 

Luiz Gabriel ou Sr. Gentileza, como é identificado nas redes sociais, foi um vendedor ambulante de café nas ruas do Várzea das Moças durante a adolescência.

Publicado por Ideias em Terça-feira, 10 de outubro de 2017
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