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O governador cristão Basuki Tjahaja Purnama (C), conhecido popularmente conhecido como Ahok, fala com seu advogado depois do juiz sentenciá-lo a dois anos de prisão por blasfêmia | BAY ISMOYOAFP
O governador cristão Basuki Tjahaja Purnama (C), conhecido popularmente conhecido como Ahok, fala com seu advogado depois do juiz sentenciá-lo a dois anos de prisão por blasfêmia| Foto: BAY ISMOYOAFP

O cristão Basuki Tjahaja Purnama, governador em fim de mandato de Jacarta, foi condenado nesta terça-feira (09) a dois anos de prisão pelo "crime de blasfêmia", ao final de uma longa saga judicial que coloca em dúvida a tolerância religiosa na Indonésia, mais populoso país muçulmano do planeta. 

A surpreendente decisão em um caso no qual a Promotoria havia solicitado dois anos de liberdade condicional foi celebrada pelos muçulmanos aos gritos de "Alá é grande". 

O juiz que presidiu o processo, Dwiarso Budi Santiarto, informou ao tribunal que Basuki Tjahaja Purnama é "culpado de blasfêmia" e o sentenciou a "dois anos de prisão". 

O magistrado ordenou a detenção de Purnama, mais conhecido como Ahok, derrotado nas eleições de abril e que deveria permanecer no cargo até outubro. 

"Vamos apelar", disse Ahok. 

Como tudo começou

Ahok, um político conhecido por sua sinceridade, qualificou em setembro de equivocada a interpretação de alguns ulemás (teólogos muçulmanos) de um versículo do Alcorão que afirma que um muçulmano só pode eleger um dirigente de sua religião. 

As declarações de Ahok provocaram uma onda de protestos em um país onde 90% da população é islâmica. 

Analistas denunciaram a participação de muçulmanos partidários da linha dura, que teriam utilizado a declaração com fins políticos. 

Sob muita pressão, o governador foi acusado no fim de 2016 de blasfêmia, crime que pode ser punido com uma pena de até cinco anos de prisão. 

'Ira dos muçulmanos'

Muçulmanos linha dura comemoram a condenação do governador cristão Basuki Tjahaja PurnamaBAY ISMOYOAFP

O caso dominou a campanha eleitoral para governador este ano. Ahok era considerado o favorito há alguns meses nas pesquisas, mas foi derrotado nas urnas pelo muçulmano Anies Baswedan, ex-ministro da Educação. 

Ahok, o primeiro governador não muçulmano de Jacarta em meio século e o primeiro procedente da minoria chinesa, chegou ao cargo de maneira automática em 2014, após a eleição à presidência de seu antecessor, Joko Widobo, de quem era então vice. 

O influente posto de governador da capital, que tem 10 milhões de habitantes, é considerado um trampolim para a eleição presidencial de 2019. 

Em meados de abril, o promotor Ali Mukartono havia solicitado dois anos de liberdade condicional para Ahok, ao considerar que o delito de blasfêmia estava caracterizado e que o acusado havia expressado "hostilidade, ódio ou humilhação em relação a uma parte da população indonésia". 

Nesta terça-feira, um dos juízes do tribunal, Abdul Rosyad, justificou a severidade do veredicto ao afirmar que o acusado não sente "nenhuma culpa" e havia "provocado a ira e ferido os muçulmanos". 

O julgamento começou em dezembro e cada lado convocou quase 40 testemunhas. 

Purnama havia acusado a Promotoria de convocar para depor algumas pessoas que não estavam presentes no momento da declaração. 

O caso demonstra a crescente influência dos muçulmanos conservadores partidários de uma linha dura neste país de 255 milhões de habitantes que, em grande parte, professam uma versão moderada do islã. 

Os muçulmano radicais organizaram nos últimos meses grandes manifestações contra o governador.

Simpatizantes de Ahok choram após a sentença de prisão dada ao governador cristãoBAY ISMOYOAFP
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