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A Ministra dos Direitos Humanos do Brasil, Luislinda Dias de Valois Santos, a primeira juíza negra do Brasil | Wilson Dias/Agência Brasil
A Ministra dos Direitos Humanos do Brasil, Luislinda Dias de Valois Santos, a primeira juíza negra do Brasil| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A Ministra dos Direitos Humanos do Brasil, Luislinda Dias de Valois Santos, tem um passado de carinho com Curitiba. Foi esta a cidade que a magistrada escolheu para iniciar a sua carreira após ter passado em primeiro lugar no concurso público para procuradora e posteriormente ter se tornado a primeira juíza negra do Brasil

Nesta quinta-feira (14) ela esteve de volta à capital paranaense para o lançamento do seu segundo livro pela editora Juruá, “Negros Pensadores do Brasil”, uma obra que contém depoimentos de 26 negros e negras de diversos cantos do país, de diferentes realidades sociais e que, segundo Valois, por meio de suas histórias evidenciam a importância da participação do cidadão negro para a construção plural da nação. 

“Este livro é diferente. Os pensadores negros que estão presentes na obra não são somente pessoas renomadas na sociedade. A verdade é que todos somos renomados e todos temos uma história para contar e este livro posso dizer que é um resumo do que existe em termos da negritude no Brasil”, descreveu a ministra, que é organizadora da obra. 

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Entre os pensadores do livro uma paranaense: Lucimar Rosa Dias. Embora tenha se mudado para o estado vizinho Mato Grosso do Sul quando tinha apenas quatro anos, ela voltou ao Paraná para se instalar na capital onde é doutora em Educação, professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e se dedica ao estudo sobre diversidade étnico-racial na educação infantil. 

“Não é fácil ser negro no Brasil”

“Negros pensadores do brasil” foi escrito às vezes em primeira pessoa, às vezes em terceira, mantendo o relato fiel de seus escritores em uma linguagem livre do rigor acadêmico. Segundo a ministra, este é mais um de seus trabalhos que envolve leitura e luta pela igualdade racial.

“Não é fácil ser negro no Brasil, sobretudo mulher negra. Temos potencial para exibir e demonstrar, mas nos falta oportunidade. No Poder Judiciário, inclusive. Não têm negros lá. Aliás, tem sim. Estão servindo café aos magistrados. Nós queremos mais magistrados negros também, porque continuamos sendo julgados por brancos, mas quem sente o preconceito racial somos nós”, disse Valois ao público que foi prestigiá-la no Memorial de Curitiba. 

O lançamento do livro foi organizado pela Academia de Letras José de Alencar, na qual a ministra Luislinda Valois ocupa a cadeira número seis, com o apoio do Executivo Municipal.

Apesar do atraso de mais de uma hora, o prefeito Rafael Greca também marcou presença no evento, junto com sua esposa Margarita Sansone, para dar boas vindas à ministra e lembrar a história de negros que fizeram história no Paraná, como os irmãos engenheiros André e Antônio Rebouças, que projetaram o traçado da ferrovia Curitiba-Paranaguá, e a engenheira Enedina Alves Marques, que trabalhou para a implantação da Usina Capivari-Cachoeira. 

Em entrevista à Gazeta do Povo, a ministra contou que está em seus projetos organizar outro livro, em um modelo semelhante ao “Negros Pensadores do Brasil”, mas desta vez para contar histórias de mulheres brasileiras.

“Sem as mulheres este país não anda. O Brasil só segue com mais rapidez e mais celeridade, que me perdoem os homens, quando as mulheres estão à frente da situação”, justificou.

Valois também tem outro livro publicado pela editora Juruá, chamado “O Negro no Século XXI”, de 2009.

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