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Realizar uma cirurgia de troca de sexo é uma mudança drástica e irreversível que traz efeitos colaterais perigosos. Por isso, antes de tomar essa decisão, é preciso que a pessoa seja adulta, tenha plena consciência dos resultados e passe por ajuda psicológica antes de qualquer tratamento hormonal.

Essas foram algumas das teses apresentadas por médicos em simpósio realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná (SBEM-PR), no último sábado (3), em Londrina, sobre a “A Conduta na Disforia de Gênero”. Ocorre Disforia de gênero quando o indivíduo apresenta qualquer sofrimento ou incongruência entre o gênero biológico (sexo ao nascimento) e o que sente ter.

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De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), o número de cirurgias de mudança de sexo tem aumentado ano a ano no país, que disponibiliza essas operações desde 2008. Segundo o último balanço divulgado, em 2016, foram 4.467 atendimentos ambulatoriais, 32% a mais em comparação a 2015.

No evento, o psiquiatra Eduardo Médici explicou que a disforia de gênero pode se apresentar já na infância. “Indícios de disforia podem ocorrer entre 2 e 4 anos, que é a fase de desenvolvimento da criança, e não significa que permaneçam por toda a vida”, explica. Entretanto, quando falta acompanhamento psicológico, a disforia pode provocar consequências como marginalização e discriminação, transtornos psiquiátricos (ansiedade, uso de substâncias ilícitas e depressão), levando até ao suicídio.

Por isso, qualquer pessoa que apresente esse tipo de alteração necessita de ajuda, mas não de tratamento hormonal imediato ou cirurgia. “Os riscos de tudo isso não ser bem conduzido, não ter um amparo, é [o indivíduo] ter de lidar com a frustração. E se faz [a mudança de sexo] e não estava preparado para o processo, não é garantia de remissão”, explicou.

Segundo o psiquiatra, a cirurgia ‘tansexualizadora’ só deveria ser autorizada em maiores de idade e somente depois de um mínimo de dois anos de acompanhamento médico, de preferência por uma equipe multidisciplinar.

Para as crianças, na visão dos profissionais do evento, é necessário ir devagar e nunca permitir um tratamento hormonal e muito menos a mudança de sexo antes de chegar à vida adulta.

“A criança é acompanhada até se confirmar ou não a disforia. E só 30% confirma o diagnóstico na vida adulta”, insiste a médica endocrinologista Elaine Frade Costa, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“Um profissional de saúde não pode se deixar levar pelo que o paciente quer fazer. Isso é um cuidado fundamental, pois podemos induzir [o paciente] à morte [ao suicídio] por ter indicado um tratamento irreversível”, diz Elaine.

O endocrinologista Emerson Cestari Marino, em sua exposição, descreveu os problemas que o mero tratamento hormonal pode causar, desde acnes até repercussões mais sérias como trombose, AVC, arritmias cardíacas, depressão, entre outros. Ele também reforçou que é preciso esperar o fim das mudanças normais do corpo para que a pessoa comece a pensar em fazer um tratamento hormonal ou até a cirurgia.

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