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No final do século 19, muitos americanos tinham orgulho de viver em um país que ostentava tanta liberdade. Ao descrever a sua sociedade e política, eles frequentemente contrastavam-na ao que chamavam de paternalismo, que eles acreditavam ser a norma em certos países europeus, como a Alemanha, onde um protótipo do estado de bem estar social começou a ser desenvolvido no começo da década de 1880 e se tornou um modelo para os americanos que reprovavam o alto grau de liberdades individuais nos EUA e desejavam substituí-las com diversas formas de ordenamentos e participação direta do governo.

Então, no final do século XIX, apesar da aceitação predominante da liberdade, um grupo crescente de americanos partiu, de forma lenta e hesitante no começo, para colocar suas próprias formas de paternalismo no lugar, começando com campanhas contra o álcool e o tabaco, seguido de escolas obrigatórias, leis contra o trabalho infantil e pela regulamentação da jornada de trabalho das mulheres, e continuaram até hoje, quando os governos tentam proibir até mesmo formas de discurso que algumas pessoas discordam ou consideram nocivas e punir pais que deixam os seus filhos longe do seu campo de visão mesmo em circunstâncias seguras.

Comparado ao paternalismo alemão de mais de um século atrás, o paternalismo americano de hoje se estende muito mais e de modo mais profundo na vida social e política, e os seus passos não mostram nenhum sinal de que perderão força. 

Parece-me, no entanto, que esse desenvolvimento amplo e multifacetado busca ser chamado não de paternalismo, mas de maternalismo. Ele busca de muitos modos dar ao estado poderes para fazer o que as mães tradicionalmente costumam fazer: supervisionar, instruir, restringir, corrigir e, se necessário, punir seus filhos para transformá-los em adultos dignos e responsáveis. 

A diferença, entretanto – e essa é uma diferença muito importante – é que atualmente os governos dos EUA, em todos os níveis, impõem o seu maternalismo não apenas a crianças, mas a todo mundo, como diz o ditado, do berço até o caixão.

Em resumo, o governo maternalista contemporâneo nos EUA trata toda a população como crianças. Não é de admirar que muitos adultos ressentem esse tratamento e se revoltam contra ele. Afinal, o objetivo de se tornar adulto é sair do confinamento protegido da família, incluindo o monitoramento constante da mãe, e entrar em um mundo no qual o sujeito é livre para agir como acredita ser melhor, sem a supervisão e correção constante da mãe, além de estranhos distantes e sem parentesco. 

Além disso, o estado que se compromete a substituir as mães na orientação, monitoramento e punição do povo assumiu uma tarefa que não consegue realizar com sucesso. O motivo não é difícil de encontrar: enquanto as mães geralmente fazem o seu papel por amor e preocupação, os burocratas que assumem essa função simplesmente seguem listas da papelada e impõem regras de forma insensata, sem discernimento ou compaixão, e certamente sem o amor exigido para fazer esse trabalho corretamente.

É como substituir as mães reais por máquinas, mas pior, porque uma máquina não pode ser culpada por fazer o que ela foi programa para fazer, mas um burocrata, sendo um ser humano, certamente pode e deve ser culpado por agir de modo rígido e sem piedade independentemente das consequências. 

Os governos não podem substituir as mães, e o século e meio de movimento nessa direção deve ser visto por espectadores imparciais como um dos maiores erros políticos e sociais das últimas cinco ou seis gerações de americanos.

Já passou do momento de reverter esse desenvolvimento falho. O governo, se tiver que existir, deve ser limitado ao papel de executor de regras e condutas justas no campo da lei natural. O maternalismo deve ser devolvido às mães – e aos pais que buscam auxiliar e desempenhar um papel importante na criação dos filhos. 

Artigo originalmente publicado em Foundation for Economic Education

Tradução de Andressa Muniz
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