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Além de começar a avisar os usuários afetados sobre o problema, o Facebook começará a realizar mudanças na rede social | OLI SCARFF/AFP
Além de começar a avisar os usuários afetados sobre o problema, o Facebook começará a realizar mudanças na rede social| Foto: OLI SCARFF/AFP

O diretor de tecnologia do Facebook, Mike Schroepfer, informou nesta terça-feira (5) que, dos 87 milhões de perfis violados de forma imprópria com a consultoria Cambridge Analytica, 443.117 são de usuários brasileiros.  

O país está entre as dez nações em que a rede social reconhece que houve brechas devido ao programa. A maioria está nos EUA (70.632.350), seguido por Filipinas (1.175.870), Indonésia (1.096.696) e Reino Unido (1.079.031).  

Também houve prejudicados pelos vazamentos em México (789.880), Canadá (622.161), Índia (562.455), Vietnã (427.446) e Austrália (311.127). A empresa promete avisar o problema aos usuários a partir de segunda (9).  

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Ao anunciar os países prejudicados, Schroepfer informou que a rede social mudará as permissões de informações para aplicativos, centralizando as permissões de dados nos casos de grupos, eventos e páginas públicas.  

O Facebook também decidirá que aplicativos terão acesso a curtidas, check-ins, fotos, postagens, vídeos, eventos e grupos. Também restringirá o acesso a números de telefones celulares e emails de usuários desconhecidos.  

E proibirá mecanismos de terceiros que acessem informações pessoais como religião, orientação política, status de relacionamento, formação educacional e profissional, exercícios físicos, músicas, livros, notícias, vídeos e jogos.

Austrália

A Austrália também lançou uma investigação contra o Facebook após a empresa revelar que os dados de 311 mil australianos podem ter sido "compartilhados inapropriadamente" com a companhia de análise de dados Cambridge Analytica.  

A comissária de Privacidade e Informação, Angelene Falk, disse que seu escritório, ligado à Procuradoria Geral, irá investigar se o Facebook infringiu leis de privacidade da Austrália, que exigem que as empresas preservem dados pessoais.  

"Vou avaliar a resposta do Facebook e se será necessária alguma ação regulatória", disse Angelene em comunicado. "A investigação irá julgar se o Facebook violou o Ato de Privacidade de 1988. Dada a natureza global desse assunto, o escritório irá consultar autoridades regulatórias internacionalmente", completou.  

O Ato de Privacidade estabelece que todas as companhias cumpram obrigações a respeito dos dados pessoais que elas guardam, inclusive que os consumidores sejam "adequadamente notificados sobre coleta e manuseio de suas informações pessoais".  

Caso

Na quarta (4), o Facebook disse que acredita que  dados de até 87 milhões de pessoas, em sua maioria nos Estados Unidos, foram compartilhados de forma imprópria com a consultoria política Cambridge Analytica.  

A estimativa anterior era a de que cerca de 50 milhões de pessoas teriam tido seus dados vazados para a empresa.  

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O Facebook está no centro de um escândalo de vazamento de dados de milhões de usuários para a consultoria Cambridge Analytica, que trabalhou para a campanha presidencial de Donald Trump, em 2016, e é suspeita de ter colhido informações pessoais de usuários da rede social de forma irregular.  

O caso foi revelado pelos jornais New York TimesThe Observer (versão dominical do Guardian) e pela rede de TV britânica Channel 4.  

A empresa vem perdendo valor de mercado desde então, e tem sido questionada sobre a eficácia do controle sobre os dados dos usuários e as consequências de seu uso por terceiros.  

Desde que o problema veio à tona, crescem os questionamentos em vários países sobre o alcance e o poder do Facebook e de outras plataformas e a necessidade de regulação dessas atividades.  

Mudanças  

O Facebook anunciou mudanças para restringir o acesso de aplicativos a informações de eventos, de grupos fechados e secretos e de páginas, entre outras mudanças.  

A empresa afirmou nesta quarta que está alterando os termos de uso e sua política de dados para deixar claras questões ligadas à privacidade, sem pedir mais acesso a informações de usuários.  

Entre os pontos que serão explicados, estão como os dados são usados para customizar o que o usuário vê em seu feed; que dados são compartilhados com quem; como dados de outros produtos da empresa, como o WhatsApp, são usados; e quais são os dados que o Facebook recolhe de dispositivos dos usuários.  

Depoimento  

O presidente e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, será ouvido em audiência no Congresso dos EUA na quarta (11), sobre o uso e a proteção de dados dos usuários.  

É a primeira vez que Zuckerberg deporá a legisladores americanos. O testemunho ocorre sob crescente grita de políticos e da opinião pública contra o Facebook e outras firmas de tecnologia.  

A audiência com Zuckerberg foi confirmada pela Comissão de Energia e Comércio da Câmara. Ela será realizada ao meio-dia do horário local, ou 11h de Brasília.  

Em nota, os deputados Greg Walden e Frank Pallone, membros da comissão, afirmaram que o depoimento será "uma importante oportunidade" para debater a privacidade dos dados de usuários da rede social e vai "ajudar os americanos a compreender melhor o que acontece com sua informação pessoal online".  

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Os políticos agradeceram a disponibilidade de Zuckerberg -que tem sido cobrado, desde o ano passado, para responder pessoalmente aos questionamentos sobre a segurança de dados na plataforma, e o uso de suas ferramentas para fins políticos e comerciais.  

Nos últimos dias, o executivo veio a público por meio de notas e entrevistas, em que lamentou e reconheceu o erro do Facebook no caso da Cambridge Analytica.  

Cambridge Analytica  

O caso envolvendo a Cambridge Analytica começou em 2014, quando o professor Aleksandr Kogan, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criou um teste de personalidade no Facebook com o pretexto de conduzir um estudo psicológico.  

Cerca de 270 mil pessoas fizeram o teste de Kogan, mas, sabe-se agora, o sistema permitiu que sua equipe visse o perfil de 87 milhões de usuários, pois também captava as informações de todos os amigos de quem baixou o app. O procedimento era permitido então, mas deixou de sê-lo.  

No ano seguinte, Kogan repassou esses dados à Cambridge Analytica, que então contratou outros especialistas, entre eles Christopher Wylie, que acabou revelando o esquema ao The Observer.  

De posse de dados como curtidas e redes de amigos, a firma com sede em Londres conseguiu montar perfis de potenciais eleitores para bombardeá-los com mensagens políticas que visavam influir na eleição dos EUA .  

O Facebook disse inicialmente que descobriu o esquema em 2015 e removeu o aplicativo de Kogan, exigindo que a Cambridge Analytica apagasse os dados desviados.  

Diante das revelações de que as informações não foram apagadas e podem ter interferido na campanha, a rede então bloqueou as contas de todos ligados à consultoria em sua plataforma.

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