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O corretor Jorge Varela, que está construindo no Umbará: desembolsos, só quando o dinheiro está disponível | Antônio More/ Gazeta do Povo
O corretor Jorge Varela, que está construindo no Umbará: desembolsos, só quando o dinheiro está disponível| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Mão na massa

A casa própria é desejo padrão cerca de 19,2 milhões de família brasileiras, de acordo com estimativa do Instituto Data Popular. Para fugir do aluguel, há, basicamente, três opções: comprar na planta, comprar um imóvel pronto ou por as mãos na massa para levantar as paredes. Se a intenção é construir, há alguns itens essenciais que devem ser observados para que o sonho do doce lar não vire pesadelo.

• 1. Para construir, o primeiro passo é possuir um terreno. Se você ainda não tem um espaço para construir, é bom prestar atenção nas seguintes informações: custo do terreno, localização e acesso, como se comporta o mercado de compra, venda e aluguel ao redor do terreno; condição do solo, que reflete o tipo de fundação que será feito; nível da rua e do terreno; arborização, porque algumas espécies de árvores precisam de autorização para serem retiradas; documentação do terreno.

• 2. Se você já tem ou terreno ou acabou de adquiri-lo, o próximo passo é a elaboração de um projeto, que deve ser feita por profissional da arquitetura ou engenharia. Nessa fase, você explica ao profissional o que você quer: seu gosto, seu estilo e o recurso que está disponível para a construção da casa devem ser esclarecidos. É importante conciliar o projeto arquitetônico, elétrico e hidráulico, para evitar reformas e readequações para instalação de fios e tubos.

• 3. Depois do projeto chega a hora de planejar a obra. É preciso elaborar um planejamento físico financeiro. Essa planilha vai informar a sequência de execução dos serviços, prazos e gastos referentes a cada uma com mão de obra e material. Um bom planejamento, quando seguido à risca, evita gastos desnecessários e atrasos.

• 4. A obra precisa estar legalizada. É preciso ter um alvará, expedido pela prefeitura. O Imposto Sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU) deve estar em dia e ser apresentada junto com a escritura de compra e venda do terreno.

• 5. Com a papelada em dia, é preciso contratar a mão de obra. A indicação de amigos e profissionais do ramo pode ajudar na escolha dos funcionários. Se um empreiteiro estiver responsável pela construção, aí é ele que vai ficar responsável por isso. É aconselhável visitar uma obra do empreiteiro, que esteja sendo executada, para conhecer o trabalho que será contratado.

• 6. Se você tem o terreno, o projeto e quem vai por a mão na massa, é preciso fazer uma cotação, em pelo menos quatro empresas, para a compra de material. Para fazer o melhor negócio, solicite as cotações por escrito e não se esqueça de pedir descontos e informações sobre preço, forma de pagamento, prazo de entrega e condições do material.

O desejo de possuir a ca­­sa própria povoa os pensamentos de mi­­lhões de brasileiros. Para alcançá-lo, há pelo menos duas maneiras distintas e a escolha vai depender da quantia que o interessado tem em mãos. Comprar pronto ou construir? A decisão deve começar levando em conta o tempo disponível.

"Eu preciso de um lugar para morar agora ou tenho tempo para planejar e esperar a obra ficar pronta?", aponta Euclesio Finatti, vice-presidente de administração do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Paraná. "Se houver tempo para planejar e você optar por morar em uma unidade isolada, é melhor construir e deixar a casa à sua maneira", opina.

Quando a necessidade é mais urgente, a melhor opção continua sendo ir ao mercado e procurar aquilo que se encaixa nas necessidades e já está disponível. "Não tem como ser diferente. Mas nesses casos, acaba ficando um pouco mais caro, porque além do preço do imóvel, o comprador paga também a remuneração administrativa do construtor e do dinheiro dele, que foi aplicado para a construção, antes de o imóvel ser colocado à venda", explica Finatti.

Terreno

Para construir, além do tem­­po e do planejamento é preciso ter um terreno próprio ou partir para a procura de um lote que alie localização interessante para o morador e preço acessível. "No centro, um terreno custa entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil o metro quadrado. Quanto mais longe dos bairros centrais, menor o valor", comenta Finatti. Para quem vai construir e precisa adquirir o terreno, esse preçovai influenciar no valor final.

"Essa possibilidade de escolher a localização está também entre as vantagens de construir, além da personalização do projeto e da velocidade da obra, que o proprietário define", comenta o vice-presidente.

"Um apartamento de padrão médio em um bairro central custaria cerca de R$ 500 mil. Com esse valor, em outra região da cidade, é possível comprar o terreno e construir uma casa no mesmo padrão", compara. Para ele, tudo vai depender do planejamento.

Escalonar as etapas da cons­­trução e os gastos neces­­sários em cada fase também estão entre os conselhos do construtor Sergio Crema. "Mui­­tos clientes querem começar a casa antes de pensar no projeto. O resultado disso é que, no desenrolar da construção, é necessário fazer muitos ajustes. Isso gera, além de mais trabalho, maior custo", diz. Ele defende que os projetos arquitetônico, hidráulico e elétrico têm de ser feitos com antecedência, para ser possível fazer uma projeção real do orçamento e do custo final.

Dinheiro na mão

Ter ideia do custo final da obra é um dos requisitos para construir. Até porque a indicação é que pelo menos 60% do valor estimado para a obra esteja em mãos. "As linhas de crédito e financiamento para a construção da casa própria não são tão atraentes quanto para a compra do imóvel pronto ou na planta. Por isso é melhor ter o valor disponível, para não depender de empréstimos que têm juros e prazos pouco interessantes", explica a especialista em finanças pessoais e professora da Pontifícia Universidade Católica no Paraná (PUC-PR) Solange Barbosa.

Pouco mais que metade do valor total que se prevê gastar é, em média, suficiente para os serviços iniciais, da fundação e estrutura mais básica. O restante, que é gasto com o acabamento, pode ser adquirido usando o crédito para o varejo, que está mais disponível do que os empréstimos para a construção, de acordo com Solange.

Para o corretor de imóveis Jorge Varela, que está construindo uma casa no Umbará, a opção de comprar o terreno e construir facilita porque os pagamentos podem ser feitos à medida que o dinheiro está disponível. "A gente precisa comprar o terreno, mas a construção vai no nosso ritmo, sem apuros, podendo gastar o quanto tempo", diz. Ele calcula que vai gastar cerca de R$ 2 mil o metro quadrado da obra.

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