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Logo depois de decidirem encerrar a batalha legal pela vida do bebê Charlie Gard, na segunda-feira (24), seus pais leram uma declaração para a imprensa em frente ao tribunal que discutia o caso em Londres. O teor da fala de Connie e Chris Gard enfatizou que o bebê tinha alguma chance de sobreviver e ser curado, se tivesse sido tratado desde janeiro nos Estados Unidos, sob os cuidados do médico Michio Hirano, chefe da divisão de doenças neuromusculares da Universidade de Columbia. No entanto, o hospital Great Ormond Street, onde o pequeno está internado, levantou dúvidas sobre a conduta do médico americano.

Great Ormond Street relatou ao juiz que manteve o convite para o doutor Michio Hirano visitar Charlie desde janeiro, embora a visita só tenha ocorrido no último dia 18 de julho, depois de o tribunal aceitar reexaminar o caso a pedido dos pais, que alegavam novas evidências sobre a possibilidade de tratamento de Charlie, oferecidas por Hirano. 

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O hospital também disse que ficou “surpreso” e “desapontado” com o depoimento do médico ao tribunal no dia 13 de julho. “Ele [Hirano] afirmou que, além de não ter visitado o hospital para examinar Charlie, não tinha lido os registros médicos recentes, nem visto as imagens neurais de Charlie ou lido as segundas opiniões sobre a condição de Charlie (obtidas de todos os especialistas que tomaram a oportunidade de examiná-lo e considerar seus registros), nem sequer lido a decisão do juiz tomada em 11 de abril”. 

Great Ormond Street também considerou preocupante “ouvir o professor afirmar, pela primeira vez, sentado no banco das testemunhas, que ele tem interesse financeiro em alguns dos compostos da NBT [terapia nucleotídica oferecida pelo médico] que ele propunha prescrever ao Charlie”.

O  Great Ormond Street reiterou que “todos os aspectos clínicos e todas as observações a respeito de Charlie indicavam que seu cérebro estava irreversivelmente danificado e que o NBT [tratamento nucleotídico ofertado pelo médico americano] era fútil”. No documento divulgado à imprensa, o hospital também sustenta que vários médicos interpretam que Charlie responde à dor. 

Outro lado 

Chris e Connie afirmaram que “nosso pobre garoto foi deixado na cama do hospital por meses sem nenhum tratamento enquanto longas batalhas eram travadas na corte” e que “apesar de sua condição em janeiro, os músculos de Charlie estavam em bom estado e longe de mostrar o dano cerebral catastrófico e irreversível”. Ainda segundo os pais da criança, “o doutor Hirano e outros especialistas dizem que as imagens neurais e as eletroencefalografias de Charlie eram como de uma criança relativamente normal de sua idade”. 

Perante o tribunal, a mãe de Charlie afirmou que o médico americano e o time italiano, do hospital Bambino Gesù, no Vaticano, analisaram o caso, concluindo que “as ressonâncias magnéticas e as eletroencefalografias feitas em janeiro e em abril não mostravam nenhuma evidência de dano cerebral irreversível”. A mãe também disse que Hirano não teve acesso aos resultados dos exames e sustentou que “nunca houve qualquer prova de que [Charlie] estivesse sofrendo ou sentindo dor”. 

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