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Trabalho em sala sobre a definição do que é belo, estereótipos e identidade | Acervo pessoal
Trabalho em sala sobre a definição do que é belo, estereótipos e identidade| Foto: Acervo pessoal

A professora Thaís Pereira, da Escola Municipal CEI do Expedicionário em Curitiba, deu um belo exemplo de docência. Mostrou como se faz um planejamento das aulas baseado nos interesses e necessidades dos estudantes, levando em consideração as especificidades de cada turma.

O projeto teve início com uma análise da sessão fotográfica Imagens do Dia, veiculada na Gazeta do Povo. Uma roda de conversa foi estabelecida com a turma do 3º ano com o tema a importância das imagens e da interpretação das mesmas. “A ideia era que por meio das observações das imagens e interações coletivas a turma fosse motivada a construir uma autoimagem em relação à beleza, fugindo dos estereótipos”, relatou Thaís. 

Com a conversa, ela percebeu que as imagens que mais causavam dificuldade na hora de interpretar e construir essa visão não estereotipada da beleza eram aquelas nas quais apareciam personagens negros. Então, Thaís buscou em outra reportagem do jornal, intitulada Escola pune gêmeas por trança no cabelo e gera debate sobre discriminação e veiculada no dia 15 de maio deste ano, subsídios para o debate sobre discriminação, preconceito, racismo e identidade da população negra. 

Beleza e representatividade 

Uma das particularidades que a docente encontrou em sua turma foi a percepção de algumas crianças negras sobre sua origem e descendência. Algumas , inclusive, diziam que tinham descendência branca, outras marrom e muitas se sentiam diferentes por conta do cabelo enrolado. Foi aí que Thaís abordou a infinidade de grupos étnicos existentes no mundo e a miscigenação ocorrida, em especial no Brasil. 

Para finalizar, as crianças foram instigadas a representar todas as questões debatidas nas aulas por meio de um desenho que expressasse um referencial de beleza livre de preconceitos e estereótipos, inspirados pela poesia da música Um sorriso negro, interpretada por Dona Ivone Lara e Fundo de Quintal. 

Os resultados foram surpreendentes, os alunos negros perceberam-se como conjunto do povo brasileiro, as definições do que é belo foram literalmente atualizadas pela turma inteira. A intenção da escola e da professora é expandir o projeto para outras turmas. “Com este estudo, o grupo tratou de assuntos do nosso cotidiano e enriqueceu atitudes de valorização e pertencimento, além do mais todas as crianças acharam lindas as tranças nos cabelo da menina mostrada na reportagem”, finalizou Thais. 

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