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Foto tirada em 12 de outubro de 2005 mostra o desertor do exército dos EUA Charles Jenkins, que passou 40 anos na Coreia do Norte, com seu livro "The Reluctante Comunist", em uma coletiva de imprensa em Tóquio . | YOSHIKAZU TSUNO/AFP
Foto tirada em 12 de outubro de 2005 mostra o desertor do exército dos EUA Charles Jenkins, que passou 40 anos na Coreia do Norte, com seu livro "The Reluctante Comunist", em uma coletiva de imprensa em Tóquio .| Foto: YOSHIKAZU TSUNO/AFP

Charles Jenkins, o sargento do exército dos Estados Unidos que desertou para a Coréia do Norte em 1965 e permaneceu lá por quase quatro décadas, morreu no Japão aos 77 anos.

Jenkins vivia na Ilha Sado, ao largo da costa oeste do Japão, com sua esposa Hitomi Soga, cidadã japonesa que foi sequestrada pela Coreia do Norte em 1978, uma vez que foram libertados em 2002. 

A agência japonesa Kyodo News e rede de televisão NHK relataram sua morte nesta terça-feira (12), mas a causa não foi revelada. 

Desde o seu regresso, Jenkins levava uma vida tranquila na Ilha Sado, não muito longe de onde sua esposa foi levada pelos norte-coreanos, trabalhando na loja de presentes do museu local e se tornando uma espécie de celebridade. Sua filha de 34 anos, Mika, ensina em um jardim de infância próximo, enquanto Brinda, de 32 anos, vive na cidade mais próxima do continente, Niigata. 

"Eu gostaria de voltar para os EUA, mas minha esposa não quer ir", disse Jenkins ao Los Angeles Times em uma entrevista recente, ainda mantendo seu forte sotaque da Carolina do norte. "Então decidi ficar onde eu estou". 

Bebedeira 

Uma noite em 1965, quando tinha 24 anos e servia no Exército dos EUA na Coreia do Sul, Jenkins bebeu 10 cervejas e tropeçou na fronteira mais militarizada do mundo e acabou dentro da Coreia do Norte. 

"Eu era tão ignorante", ele disse ao Washington Post em uma entrevista de 2008. Ele desertou o Exército pelo que se tornou uma autoimposta sentença perpétua em uma "prisão gigante e demente". 

Ele foi “absorvido” pelo sistema norte-coreano, e virou ator, interpretando um americano implacável em filmes de propaganda e ensinando inglês. Ele memorizou os ensinamentos do presidente Kim Il Sung (avô de Kim Jong Un, atual ditador) e matou ratos que se arrastaram para fora de seu banheiro. 

Então, em 1980, seus “tutores” norte-coreanos trouxeram-lhe uma mulher que havia sido sequestrada da ilha Sado quando tinha 18 anos, dentro de uma bolsa preta e levada de barco para a Coreia do Norte. 

Eles se casaram e tiveram duas filhas na Coreia do Norte que, segundo Jenkins, em 2008, estavam sendo treinadas para se tornarem espiãs multilíngues a serviço do regime comunista. 

Então, em 2002, sob um acordo entre os governos japonês e norte-coreano, Jenkins e Soga foram libertados junto com outros quatro japoneses que foram sequestrados. Jenkins saiu do avião com uma bengala, parecendo muito mais velho do que seus anos indicariam. Suas filhas seguiram em 2004. 

Mais tarde naquele ano, Jenkins foi considerado culpado de deserção durante uma corte marcial em uma base do exército dos EUA no Japão. Ele foi condenado a 30 dias de prisão, mas foi libertado antes do fim da pena. 

Ele contou sua história em uma autobiografia, intitulada "The Reluctant Communist" (“O Comunista Relutante”, em tradução livre), lançada em 2008. 

Outro soldado americano que desertou para a Coreia do Norte morreu no final do ano passado, mas em Pyongyang. 

James Joseph Dresnok, que tinha 21 anos quando atravessou a zona desmilitarizada e na Coreia do Norte em 1962, morreu de um acidente vascular cerebral no final de 2016, disseram seus dois filhos em uma entrevista transmitida em agosto pelo site estatal Uriminzokkiri.

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