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Andreas Lubitz, o copiloto do Airbus A320 da Germanwings que caiu nos Alpes franceses na terça-feira enquanto fazia a rota entre Barcelona e Düsseldorf, descobriu sua paixão pelos ares quando era uma criança, a apenas 35 quilômetros do local da queda da aeronave, que informações preliminares indicam que foi deliberada.

Essa é a distância que separa o maciço dos “Trois Évêches”, onde o avião caiu, do aeroporto de Sisteron, onde o pai de Lubitz ia com a família no verão para dar rédea solta a paixão pelo aeromobilismo.

Andreas era uma criança e não podia montar nos planadores, mas alguns frequentadores do aeroporto lembram dele olhando para o céu, seguindo com os olhos fixos os silenciosos aeromodelos.

Não há nenhum registro de sua passagem pela escola de pilotagem do aeroporto, mas os arquivos começam em 2003.

“Há quem lembre dele”, disse Jean-Pierre Revolat, piloto da Aeronáutica aposentado que trabalha como instrutor em Sisteron.

“Fazia parte do grupo de crianças que vinham ver os voos”, disse outro frequentador do aeroporto que prefere não revelar seu nome “para não ser assediado pela imprensa”.

Os Lubitz veranearam no camping de Sisteron entre 1996 e 2003. Nos últimos anos, Andreas já tinha idade para montar nos planadores.

“Se teve instrução aqui é muito provável que sobrevoasse o local do acidente. É o trajeto habitual, que chamamos de ‘caminho do soldado’, por sua dificuldade, mas também por sua beleza”, relatou Revolat.

O perfil psicológico que a imprensa alemã fez de Andreas Lubitz o descreveu como um apaixonado por voos, quase um obsessivo.

Revolat abre bem os olhos e levanta a sobrancelha quando perguntado se seria possível derrubar deliberadamente o avião nesse ponto, se sabia que estava sobrevoando o lugar onde se apaixonou por voar.

“São muitas casualidades, mas não sou eu quem deve responder essa pergunta. O que é certo é que, a dez mil metros de altura, todo piloto sabe quando sobrevoa os Alpes”, se esquivou.

Também não há pistas, além da memória dos mais velhos do lugar, de que o aeroporto de Sisteron estivesse ligado ao de Montabaur, onde Lubitz vivia.

“As relações sempre foram muito boas”, afirmou Pierre Delhay, fundador do aeroporto francês nos anos 80, mas que não estava à frente dele quando os Lubitz passaram por ali.

Delhay fala pausadamente com a Efe, quase com medo. Não lembra, mas não se surpreendeu: “por aqui passam milhares de alemães. Nas férias, aqui se fala alemão”, explicou.

Revolat confirmou: “na Alemanha não podem fazer voo sem motor nestas circunstâncias. O que encontram aqui é muito particular”.

Milhares de amadores desse esporte chegam em massa à região todos os anos, muito apreciada por seu relevo, que permite passar pelas encostas alpinas com os planadores. O relevo especial da região protege o céu das nuvens.

“Aqui, quase todos os dias faz sol”, lembrou Revolat.

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