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Além de ter de conviver com doenças como catarata e problemas cardíacos, Kanako não conseguia se socializar com outros primatas. | Divulgação/Kumamoto Sanctuary
Além de ter de conviver com doenças como catarata e problemas cardíacos, Kanako não conseguia se socializar com outros primatas.| Foto: Divulgação/Kumamoto Sanctuary

Depois de ter sido abandonada pela mãe e apresentar dificuldades para interagir com outros primatas, a chimpanzé Kanako, que vive no Santuário Kumanoto, da Universidade de Kyoto, no Japão, foi diagnosticada com uma alteração similar à síndrome de down. Segundo animal da espécie a ser registrado com a síndrome no mundo, Kanako foi estudada por cientistas japoneses e hoje vive em um ambiente em que recebe cuidados voltados para suas necessidades. As informações são do jornal britânico Daily Mail.

Kanako nasceu em 1992 no Santuário de Kumanoto, onde vive. A história de superação da macaca começou quando tinha cerca de cinco meses de vida e foi separada da mãe, Kanae, que precisou passar por um procedimento cirúrgico. Quando as duas voltaram a conviver, no entanto, a mãe passou a rejeitar a filha, não dando a ela os cuidados necessários para um filhote.

Veja um vídeo de Kanako em seu cativeiro

Durante seu primeiro ano, Kanako frequentemente sofria de tosse, resfriados, febre, diarreia e inchaço em torno do olho direito. Ela teve crescimento corporal atrofiado e uma doença cardíaca congênita, além de dentes subdesenvolvidos. A chimpanzé também desenvolveu catarata antes de seu primeiro ano de vida, ficando cega de um olho quando tinha sete anos.

Por todos esses problemas de saúde, Kanako teve de ser cuidada por humanos, que se encarregaram de sociabilizar com ela, alimentá-la com atenção extra e submetê-la a exames com frequência.

As condições dificultaram a interação de Kanako com outros chimpanzés, tornando-a agressiva, e a equipe do santuário decidiu desenvolver uma pesquisa para analisar os sintomas. “Nosso objetivo foi fornecer a Kanako o melhor cuidado e qualidade de vida”, descreve o estudo.

Romann ajudou a companheira Kanako a sedesenvolver a sociabilização.Divulgação/Kumamoto Sanctuary

Apesar de viver separadamente de outros chimpanzés para evitar interações hostis, aos poucos, Kanako teve a oportunidade de se relacionar com outra fêmea, chamada Roman, uma vez por mês. “No início dos encontros, Kanako quase sempre emitia um som, que era uma mistura de grunhido para brincadeiras entre chimpanzés e de grunhidos para se alimentar, indicando uma reação positiva para a reunião”, explica a pesquisa.

Além de conseguir fazer a amizade com Roman, Kanako chegar aos 24 anos é uma superação - o único outro chimpanzé registrado com Down de Kanako morreu antes de completar dois anos de idade.

Síndrome de down

Em humanos, a síndrome de down é decorrente de mutação genética. As células de um ser humano têm 23 pares de cromossomos - totalizando 46 . Quem apresenta síndrome de down, porém, têm uma terceira cópia do cromossomo 21, o que leva a alterações no desenvolvimento mental e físico.

Enquanto isso, os macacos têm 24 pares de cromossomos - totalizando 48. Em seu código genético, chimpanzés, gorilas e orangotangos podem desenvolver uma condição semelhante à síndrome de down, chamada trissomia 22. Isso acontece quando uma terceira cópia do cromossomo 22 integra o DNA dos primatas - exatamente o que acontece com Kanako.

O primeiro caso confirmado de um chimpanzé com trissomia 22 foi documentado em 1969, segundo o estudo publicado na revista Springer. O animal morreu antes de completar dois anos de idade, tornando Kanako o chimpanzé com a doença a atingir o maior tempo de vida já registrado pela ciência.

Veja um vídeo de Kanako em seu cativeiro, no Japão:

Colaborou: Cecília Tümler

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