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Senadora Susan Collins (Partido Republicano) e outros senadores conversam com repórteres após a aprovação da resolução para financiar o governo federal americano. | Drew AngererAFP
Senadora Susan Collins (Partido Republicano) e outros senadores conversam com repórteres após a aprovação da resolução para financiar o governo federal americano.| Foto: Drew AngererAFP

Depois de três dias de "blecaute", um acordo entre democratas e republicanos pavimentou o caminho para a retomada das atividades do governo americano. 

A administração do presidente Donald Trump estava paralisada desde sábado (20), por não ter aprovado a lei orçamentária anual e, assim, não conseguir efetuar despesas. Em inglês, a situação é chamada de "shutdown". Servidores federais foram dispensados, e órgãos públicos suspenderam atendimento. 

Em uma solução temporária, senadores aprovaram nesta segunda-feira (22) uma lei que autoriza o governo a fazer novas despesas até o dia 8 de fevereiro. 

Até lá, os congressistas irão negociar uma solução para jovens imigrantes, os "dreamers", que chegaram ao país quando crianças e estão com status legal nos EUA prestes a expirar. Esse é o principal impasse entre democratas e republicanos, que travou a aprovação do orçamento. 

Os jovens imigrantes eram protegidos por um programa do governo de Barack Obama, o Daca, que foi revogado por Trump em setembro. Os democratas exigem que uma solução seja negociada pelo governo, que tem endurecido a política imigratória. 

Em seguida, o texto passou por votação na Câmara na noite desta segunda -onde os republicanos têm maioria, e a vitória foi fácil -266 votos a 150. No Senado, onde as negociações eram mais acirradas, o acordo foi aprovado por 81 votos a 18. 

Com a proposta aprovada pelo Congresso, o governo volta a operar normalmente, pelo menos até 8 de fevereiro. A paralisação não chegou a afetar os serviços de emissão de visto a estrangeiros.

Imigração 

O impasse demonstrou como o tema da imigração se tornou central no governo Trump. O republicano elegeu a guerra à entrada ilegal no país como uma prioridade, sob o argumento de proteger empregos e a segurança nacional. Ele defende que o sistema de imigração dos EUA seja meritocrático e permita apenas a permanência de trabalhadores qualificados. 

Com isso, Trump anulou vistos temporários para salvadorenhos e haitianos, por exemplo, concedidos por questões humanitárias, e suspendeu o status legal dos "dreamers", argumentando que o programa tinha vícios legais por não ter sido aprovado pelo Congresso. 

Democratas adotaram os "sonhadores", que foram beneficiados pelo governo Obama, como uma bandeira partidária. Assim, acabaram travando a aprovação do orçamento enquanto não houvesse acordo sobre o tema. 

A maior parte desses 800 mil imigrantes foi levada aos EUA pelos pais e viveu mais tempo em solo americano do que em sua terra natal. 

Seu status legal se encerra em março de 2018. A partir de então, eles se tornam ilegais e estarão sujeitos à deportação -o que a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, deixou claro que poderia acontecer caso o Congresso não chegasse a um acordo. 

"O presidente cumpre a lei. É papel do Congresso criar e aprovar as leis", afirmou. 

Em nota, Trump informou que só firmará o acordo em relação aos imigrantes "se, e apenas se, for bom para o nosso país". Sua prioridade na lei orçamentária, segundo a Casa Branca, é garantir a segurança do país e o financiamento das forças militares. 

O presidente ainda acusou os democratas de "brincar de política da paralisação" e disse que eles preteriam os serviços e a segurança de cidadãos americanos em favor de imigrantes estrangeiros. 

Mesmo com o tensionamento político, Trump deve voltar à mesa de negociações. Nos últimos dias, ele foi duramente criticado por ter afirmado, durante uma negociação, que imigrantes da África e do Haiti vinham de "países de merda". Ele depois negou ter usado a expressão. 

Antes, afirmara publicamente que queria uma "lei de amor" para resolver a situação dos "dreamers".

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