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| Foto: CHIP SOMODEVILLA/AFP

Um dia caótico e violento transformou-se na tragédia neste sábado (12). Centenas de supremacistas e nacionalistas brancos, neonazistas, membros do Ku Klux Klan – que planejavam encenar o que eles descreveram como a maior manifestação em décadas para “levar a América de volta”– entraram em confronto com outros manifestantes nas ruas de Charlottesville, na Virgínia. Um carro atropelou uma multidão, matando uma pessoa e ferindo outros 19. A manifestação dos supremacistas brancos foi uma reação a uma questão hiperlocal, mas acabou ressoando em todo o mundo – e com efeitos diretos na política norte-americana.

A decisão da cidade em remover uma estátua do confederado general Robert E. Lee alimentou a reação nacionalista branca. A situação é ainda mais delicada na Virgínia: o estado vai eleger um novo governador, numa eleição que já é observada de perto e apontada como teste de ouro para políticos na era Trump. A questão local ressoou em campanhas em todo o estado e levou os candidatos no antigo coração da Confederação a lidar com tensões raciais persistentes e o que parece ser uma nova ousadia encontrada entre os nacionalistas brancos. A atenção aos confrontos também resultou em uma resposta do presidente Donald Trump.

Trump conhecido pelas respostas rápidas no Twitter levou duas horas para se manifestar pela rede social. Apesar de condenar a violência das manifestações em Charlottesville, o presidente americano não destacou a culpa de supremacistas brancos. Trump foi questionado por repórteres se apoiava os supremacistas, mas preferiu não se manifestar. “Não há lugar para esse tipo de violência na América. Vamos nos manter juntos como um!”, tuitou. Ele estava em um evento sobre cuidados médicos para veteranos de guerra em Nova Jersey. E afirmou estar acompanhado o desenrolar da situação em Charlottesville.

O governador da Virgínia, Terry McAuliffe , disse estar “enojado com o ódio, fanatismo e violência” do protesto. Já o prefeito Michael Signer se manifestou pelo Twitter: “Eu estou de coração partido por uma vida ter sido perdida”. E respondeu a reação de Trump pelo microblog. “Obrigado, finalmente, por condenar as ações e o discurso de ódio. Nosso trabalho só está começando. O seu também”, disse o prefeito.

Mensagem vaga de Trump

A reação tardia de Trump foi enfática, mas vaga. “O ódio e a divisão devem parar e devem parar agora”, disse Trump, sem mencionar especificamente os nacionalistas brancos ou suas opiniões. “Condenamos, nos termos mais fortes possíveis, esta exibição flagrante de ódio, fanatismo e violência em muitos lados. Em muitos lados”, escreveu o presidente.

O ex-líder do Ku Klux Klan, David Duke, um apoiador de Trump que estava em Charlottesville no sábado, respondeu rapidamente. “Eu recomendaria que você dê uma boa olhada no espelho e lembre-se de que os americanos brancos o colocaram na presidência, e não os esquerdistas radicais”, escreveu ele.

Dezenas de nacionalistas brancos em Charlottesville usavam chapéus vermelhos “Make America great again” – o slogan de campanha de Trump, sobre “fazer a América grande de novo”. Perguntado por um repórter em Nova Jersey se ele queria o apoio de nacionalistas brancos, Trump não respondeu.

Já os opositores carregavam cartazes com a frase do movimento “Black lives matter” (vidas negras importam, em tradução livre), que foi usado como mote em várias manifestações por crimes raciais nos EUA.

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