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Palestino ferido em hospital de Gaza após ataques israelenses na sexta-feira (8). | MOHAMMED ABED/AFP
Palestino ferido em hospital de Gaza após ataques israelenses na sexta-feira (8).| Foto: MOHAMMED ABED/AFP

Israel laçou ataques aéreos na manhã deste sábado em posições do Hamas, em resposta ao ataque a mísseis feita da Faixa de Gaza, em meio ao acirramento das tensões entre palestinos e forças israelenses após a Casa Branca alterar seu entendimento sobre Jerusalém.

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Os ataques tiveram como alvo dois locais de produção de armas, um depósito de armamentos e um complexo militar, afirmou o exército israelense. Um palestino morreu e outros 15 ficaram feridos, dizem autoridades em Gaza, conforme a agência estatal de notícias da Autoridade Palestina.

Israel disse que o ataque aconteceu em resposta a mísseis lançados contra comunidades israelenses próximas à Faixa de Gaza. Um dos projéteis teria explodido na cidade israelense de Sderot na sexta-feira à noite, danificando diversos veículos, relatou a mídia israelense.

O movimento árabe que controla a Faixa de Gaza, o Hamas, não reivindicou a autoria dos ataques a míssil contra Israel. Um pequeno número de grupos jihadistas em Gaza se declarou responsável pelos mísseis.

Os conflitos são decorrentes da decisão do presidente norte-americano Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, no início da semana. Fonte: Dow Jones Newswires.

Dia de fúria

Pelo menos dois palestinos morreram e mais de 80 foram feridos em confrontos com as forças de defesa israelenses nesta sexta (8) durante o “dia de fúria” convocado pela facção islâmica radical Hamas em protesto contra a decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Na véspera, um dia após o presidente americano, Donald Trump, anunciar a decisão, 31 palestinos haviam sido feridos em protestos.

Nesta sexta, soldados israelenses que tentaram conter os protestos com gás, balas de borracha e tiros, mataram um palestino perto da fronteira de Gaza. Pouco depois, uma segunda pessoa morreu em decorrência de ferimentos nos protestos, segundo um hospital local.

“Durante os tumultos, soldados das Forças de Defesa de Israel dispararam seletivamente contra dois dos principais instigadores”, diz comunicado das forças israelenses.

A identidade dos mortos não foi divulgada. Ao menos seis pessoas foram presas.

O total de feridos varia conforme o relato. Segundo a agência de notícias Reuters, que cita Crescente Vermelho, são 80, além das dezenas de pessoas que passaram mal por inalar gás lacrimogêneo.

Os protestos desta sexta começaram de forma pacífica tanto na faixa de Gaza quanto em cidades da Cisjordânia, mas logo escalaram.

Em Jerusalém Oriental, área de maioria árabe reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado, milhares deixaram as mesquitas após as orações do dia aos gritos de “Jerusalém é nossa capital” e “não precisamos de palavras vazias, precisamos de pedras e [fuzis] Kalashnikovs”.

Em Gaza, a fumaça de pneus queimados por manifestantes tomou conta das ruas pelo segundo dia.

Em Belém e em Ramallah, na Cisjordânia, também houve confronto entre manifestantes armados com pedras e as forças israelenses.

No início desta sexta, dois foguetes foram lançados da faixa de Gaza em direção a Israel, mas não chegaram a atravessar a fronteira. O Exército israelense retaliou com um ataque aéreo pontual, com auxílio de um tanque, contra postos usados por militantes palestinos. Ao menos 15 pessoas foram feridas.

Processo de paz

“Rejeitamos a decisão norte-americana sobre Jerusalém. Com tal posição, os EUA já não se qualificam para patrocinar o processo de paz”, declarou o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em comunicado emitido nesta sexta que confirma o temor de conselheiros de Trump e analistas políticos internacionais.

Os EUA têm sido, ao longo das décadas, os principais mediadores das negociações de paz entre israelenses e palestinos, tanto em governos democratas quanto republicanos. Mas a decisão de Trump de afirmar que a capital de Israel é Jerusalém atrai dúvidas sobre a isenção americana para a tarefa em um momento em que o processo já está travado há três anos.

A cidade, hoje sob jurisdição de Israel, já foi declarada pela ONU no passado sob jurisdição internacional, e sua divisão entre palestinos e israelenses é vista como ponto crucial para a implantação da solução de dois Estados (um palestino, um israelense) amplamente apoiada na comunidade internacional --inclusive, segundo o discurso de quarta-feira, por Trump.

Um segundo temor de autoridades americanas e de lideranças no Oriente Médio é que a declaração e a promessa de transferência da Embaixada dos EUA em Israel para a cidade acirrem a intermitente violência na região.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, convocou seus seguidores a lançar uma terceira intifada -levante palestino contra Israel- em discurso feito em Gaza nesta sexta.

Outros países muçulmanos (Afeganistão, Paquistão, Irã, Egito e Bangladesh) tiveram protestos pacíficos contra os EUA nesta sexta, sem feridos.

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