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Alexandra Raisman diz ter sido vítima de Larry Nassar há seis anos, em Londres | Reprodução
Alexandra Raisman diz ter sido vítima de Larry Nassar há seis anos, em Londres| Foto: Reprodução

O caso Larry Nassar, sobre o médico que abusou de ginastas durante décadas nos Estados Unidos, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (2). Campeã olímpica em 2016 por equipes e uma das centenas de vítimas no escândalo, Alexandra Raisman processou o Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Na quarta-feira (28), o chefe do Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC, na sigla em inglês), Scott Blackmun, renunciou ao cargo.

Raisman acusa o Comitê Olímpico americano de negligência durante as décadas de abuso de Larry Nassar. A medalhista de ouro no Rio de Janeiro diz que a organização e a Federação de Ginástica do país sabiam das atitudes do médico, que foi condenado em três processos (175 e 125 anos de prisão em casos de abuso, além de 60 por pornografia infantil).  

De acordo com Raisman, o médico cometeu abuso em duas oportunidades: no Centro Nacional de Treinamento, localizado no Texas, e durante os Jogos Olímpicos de 2012. Mesmo como vítima de Nassar em Londres há seis anos, a ginasta conquistou duas medalhas de ouros (equipes e solo).  

A tricampeã olímpica emitiu um comunicado nesta sexta, depois de tornado público o processo contra o Comitê Olímpico dos EUA. Raisman se apresentou desde o início do escândalo como uma das atletas mais ativas no combate aos crimes cometidos por Larry Nassar.  

“Minha maior prioridade é pedir por mudanças para que as futuras gerações estejam seguras. Dolorosamente é muito claro para mim que essas organizações não estão enfrentando corretamente o problema. Após este tempo todo, eles permanecem sem vontade de conduzir uma investigação”, escreveu a atleta, que aproveitou também para desabafar contra a entidade olímpica do país.  

“Enquanto isso, centenas de atletas continuam treinando e competindo todos os dias neste mesmo sistema falido. Eu me recuso a esperar mais por essas organizações para que elas façam a coisa certa. Minha esperança é que este processo possibilite a mudança que é desesperadamente necessária”, completou.  

As primeiras denúncias contra Larry Nassar ocorreram ainda em 2015, quando a ginasta Maggie Nichols relatou os abusos do médico à Federação de Ginástica. Somente um mês depois, o grupo de atletas levou a denúncia ao FBI, que iniciou as investigações. O Comitê Olímpico alega que soube do comportamento do médico apenas em setembro de 2016, após reportagem do jornal Indianapolis Star.

Renúncia

Scott Blackmun deixou o cargo sob justificativa que precisa cuidar da saúde. O dirigente de 60 revelou ter câncer na próstata e por esse motivo também não foi aos Jogos de Inverno em Pyeongchang.  

A saída acontece após Blackmun ter sido alvo de críticas nos últimos meses pela maneira que conduziu o escândalo de abusos sexuais envolvendo o ex-médico da equipe norte-americana de ginástica Larry Nassar. O cargo, que ele ocupou por oito anos, será ocupado interinamente por Susanne Lyons, que é membro do conselho da USOC.  

O ápice das críticas ao dirigente aconteceu após uma reportagem do Wall Street Jornal, que revelou que a USOC soube das acusações sobre Nassar em 2015, mas nada fez para intervir. Por conta disso, diversos senadores dos Estados Unidos passaram a cobrar publicamente a renúncia de Blackmun.  

O presidente da USOC, Larry Probst, emitiu comunicado e disse que Blackmun é uma pessoa distinta e não há motivo para ninguém do conselho desconfiar dele. "Mas devido a situação de saúde dele, nós mutuamente entendemos que era melhor que deixasse o cargo para que fosse nomeado outra pessoa em seu lugar."  

O Comitê Olímpico dos Estados Unidos está conduzindo uma revisão do caso de abuso de maneira independente e informou que está preparando uma série de novas iniciativas. A principal delas é criar um fundo destinado às vítimas de Nassar.  

John Manly, advogado que representa os atletas que foram vítimas do médico, acredita que os membros da USOC é que forçaram o dirigente a renunciar. Ele também aproveitou para criticar a entidade. "A USOC sempre concentrou seus esforços em arrecadar dinheiro e ganhar medalhas, enquanto a segurança dos atletas se tornou secundária."  

Nassar se declarou culpado por ter abusado de atletas mulheres sob disfarce de tratamento médico. Autoridades acreditam que ele tenha abusado de mais de 260 mulheres. Quase 200 delas testemunharam durante audiência de sentença, no início deste ano. Nassar foi condenado a prisão perpétua.  

Por conta desse escândalo, toda a diretoria da Ginástica dos Estados Unidos renunciou, além do presidente e do diretor da Universidade de Michigan, onde Nassar trabalhava. Blakmun é mais um que deixa o cargo após o escândalo.

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