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Havia quase 200 pacientes e funcionários no hospital. | HANDOUT/REUTERS
Havia quase 200 pacientes e funcionários no hospital.| Foto: HANDOUT/REUTERS

Um ataque aéreo atingiu um hospital administrado pelo grupo da organização humanitária Médicos sem Fronteiras na cidade afegã de Kunduz neste sábado, matando ao menos 19 pessoas, no que os militares norte-americanos chamaram de possível “dano colateral” na batalha contra insurgentes do Taliban.

O incidente pode renovar as preocupações sobre o uso do poder aéreo dos Estados Unidos no Afeganistão, uma questão controversa na guerra mais longa da América. O ex-presidente do país do Oriente Médio Hamid Karzai se desentendeu com seus apoiadores em Washington sobre o número de civis mortos por bombas.

Os combates têm se intensificado em torno da capital da província do norte de Kunduz desde que as forças do governo, apoiadas pelas potências aéreas americanas, começaram a investir para expulsar militantes talibãs que tomaram a cidade há seis dias, na maior vitória de sua insurgência em quase 14 anos.

Membros da equipe do Médicos sem Fronteiras telefonaram para militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Cabul e Washington após o ataque, e bombas continuaram a cair perto da instalação médica por quase uma hora, disse um membro do grupo humanitário.

Ao menos 37 pessoas ficaram feridas e muitos pacientes e funcionários ainda estão desaparecidos, acrescentou.

Guarda controla entrada no hospital após o ataque.STRINGER/AFGHANISTAN/REUTERS

Apesar de o governo alegar que tomou o controle da área, a competição acirrada com o Talibã continua. Forças de segurança afegãs abriram caminho em Kunduz, há três dias, mas as batalhas continuam, em muitos lugares, já que membros do Talibã buscam refúgio nas casas de civis.

As forças dos EUA lançaram um ataque aéreo às 2h15m de sexta-feira, no horário local (6h45m, no horário de Brasília), segundo o porta-voz, o coronel Brian Tribus.

“O ataque pode ter resultado em danos colaterais a um centro médico nas proximidades”, informou o coronel em um comunicado. “O incidente está sob investigação”.

Um morador, Khodaidad, disse à Reuters que o Taliban estava usando as construções do hospital como abrigo durante o combate de sexta-feira.

“Eu podia ouvir os sons de tiroteio pesado, explosões e aviões durante toda a noite”, acrescentou. “Houve diversas grandes explosões e parecia que o teto estava caindo sobre mim”, acrescentou.

No hospital bombardeado, uma parede de um prédio desabou, espalhando fragmentos de vidro e de madeira, e três quartos ficaram em chamas, de acordo com Saad Mukhtar, diretor de saúde pública em Kunduz.

“ Uma densa fumaça negra podia ser vista subindo de alguns dos quartos”, comentou Mukhtar à Reuters, depois de uma visita ao hospital. “A luta ainda estava em curso, então tivemos de sair”.

Muitos pacientes e funcionários continuam desaparecidos, após o ataque que aconteceu no momento em que havia quase 200 pacientes e funcionários no hospital, o único na região que pode lidar com grandes lesões.

“Estamos profundamente chocados com o ataque e as mortes de membros da nossa equipe e pacientes”, disse Bart Janssens, diretor de Operações do MSF.

O MSF afirmou que deu a localização do hospital para ambos os lados do conflito várias vezes nos últimos meses, inclusive nesta semana, para evitar que o hospital fosse pego no fogo cruzado. A organização disse que o bombardeio ainda continuou por 30 minutos, depois que autoridades militares afegãs e norte-americanas foram informadas.

O chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, Zeid Ra’ad al-Hussein, disse que o ataque foi “trágico, indesculpável e possivelmente até criminal”.

“A gravidade do incidente é sublinhada pelo fato de que, se estabelecido como deliberado em um tribunal, um ataque aéreo contra um hospital pode ser considerado um crime de guerra”, disse em comunicado.

O chefe das forças lideradas pelos EUA no Afeganistão, general do Exército John Campbell, pediu desculpas ao presidente do país, Ashraf Ghani, segundo comunicado do escritório de Ghani.

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