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A tragédia de Aleppo, de novo sob o controle de Bashar al-Assad, deve chamar ainda mais a atenção do mundo a partir desta segunda-feira, quando 2,5 mil ativistas do mundo inteiro começarão uma longa caminhada de Berlim até a cidade síria, seguindo a mesma rota percorrida pelos refugiados, mas em sentido contrário. A iniciativa é da ativista e jornalista polonesa Anna Alboth, que disse não suportar mais “ver, do sofá, as imagens de Aleppo”.

“Um dia comecei a pensar sobre como seria se isso estivesse acontecendo em Berlim, se as bombas caíssem aqui e sofrêssemos com a falta de alimentos “, comentou Anna, ex-repórter do jornal polonês “Gazeta Wyborcza” e que há oito anos vive na capital alemã.

Nem mesmo o atentado ao mercado natalino de Berlim demoveu as milhares de pessoas que se inscreveram na marcha. Os pacifistas receberam manifestação de apoio da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e do novo presidente austríaco, Alexander van der Bellen, que anunciou que irá recepcionar os pacifistas durante a passagem do grupo pela Áustria.

“’A população civil de Aleppo foi vítima desses terroristas, que também foram o motivo da fuga” , ressalta Anna.

A partida será do hangar do antigo Aeroporto de Tempelhof, onde vivem atualmente cerca de mil refugiados, a maioria vinda da Síria. Apesar do frio do inverno europeu, os ativistas planejam caminhar seis horas por dia e pernoitar em escolas ou acampamentos oferecidos por simpatizantes, nas mesmas condições que enfrentam os refugiados.

“Quem vê as imagens de Aleppo compreende porque fogem e porque levam em conta os riscos em busca de segurança”, explica a ativista.

A marcha seguirá através da República Tcheca, Áustria, Eslovênia, Croácia, Sérvia, Macedônia e Turquia. Depois de mais de três mil quilômetros a pé, o grupo, ao qual podem se unir mais pessoas ao longo do caminho, chegará a Aleppo em três meses.

Segundo Anna, os interessados podem participar da marcha apenas por alguns dias ou horas, mas ela vai conduzir o grupo até a Síria. Suas duas filhas, Hanna, de 7 anos, e Mira, de 5 anos, vão acompanhar a mãe apenas nos primeiros dias, retornando no início de janeiro com o pai. A ativista diz não temer o perigo da guerra.

“A situação é certamente explosiva. Mas um grande grupo de dez mil ou 20 mil jovens europeus vai ser forte o bastante para pressionar os partidos combatentes na guerra a finalmente parar de matar “, sustenta, com a esperança de que mais pessoas adiram à caminhada.

Anna tem contato com a guerra civil da Síria desde o início do passado. Em uma ação de ajuda a refugiados, ela conseguiu a doação de mil camas desmontáveis para ajudar os que chegam a Berlim. Desde então, mantém contato com os fugitivos do confronto. Ao tomar conhecimento dos planos de Anna, alguns deles pediram à ativista que cuidasse do sepultamento dos seus parentes mortos.

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