O chanceler britânico, William Hague, disse na segunda-feira (3) que seu país e o Equador deveriam retomar assim que possível as negociações sobre o destino do fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, que está refugiado desde junho na embaixada equatoriana em Londres, na esperança de escapar da extradição para a Suécia, onde é suspeito de crimes sexuais.
O Equador concedeu asilo a Assange, mas o ativista digital australiano pode ser preso se sair da sede diplomática na região central de Londres. O caso abriu uma crise entre os dois países, mas a tensão já diminuiu.
"Acreditamos que nossos dois países deveriam ser capazes de encontrar uma solução diplomática", disse Hague em nota.
"Convidamos o governo do Equador a retomar, assim que possível, as discussões que mantivemos até agora sobre esse assunto."
O Equador diz que Assange tem motivos para temer que, após a extradição para a Suécia, ele seja transferido para os EUA, onde poderia ser julgado por ter divulgado em 2010 milhares de documentos diplomáticos norte-americanos secretos.
Mas Hague disse que essa hipótese é "completamente infundada", e que a Suécia deveria pedir autorização a Londres para extraditar Assange a algum país de fora da União Europeia.
O chanceler acrescentou que o Reino Unido jamais autorizaria tal extradição se houver o risco de que Assange seja condenado à morte ou enfrente violações aos seus direitos humanos.
Washington diz não ter a intenção de solicitar a extradição de Assange, um ex-hacker australiano de 41 anos.
Em entrevista a uma TV equatoriana na semana passada, Assange previu que uma solução para o impasse entre Grã-Bretanha e Equador ainda vai levar cerca de seis meses.
Em agosto, a Grã-Bretanha ameaçou veladamente invadir a embaixada do Equador, violando sua imunidade diplomática, para capturar Assange. Depois da crise que se seguiu, o governo britânico garantiu a Equador que mantém seu compromisso com a Convenção de Viena, que estabelece a inviolabilidade das missões diplomáticas.
"Tenho sido consistentemente claro de que não estamos ameaçando a embaixada do Equador", disse Hague na segunda-feira.
O chanceler se reuniu na quarta-feira com o vice-presidente do Equador, Lenin Moreno, que fez uma visita oficial a Londres por ocasião da Paralimpíada.
-
Censura no Brasil pode resultar no impeachment de Alexandre de Moraes?
-
Apoio de Musk consolida estratégia da oposição para atrair atenção internacional contra abusos do STF
-
Por que casos de censura do Brasil entraram no radar da política dos EUA
-
Recurso contra Moro vira embate entre Bolsonaro e Valdemar; ouça o podcast
Deixe sua opinião