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Venezuelanos que moram em Trinidad e Tobago protestam contra Maduro | ALVA VIARRUEL/AFP
Venezuelanos que moram em Trinidad e Tobago protestam contra Maduro| Foto: ALVA VIARRUEL/AFP

Enquanto se deterioram os serviços médicos na Venezuela, que sofre com a falta de suprimentos em 95% dos seus hospitais, muitas mulheres se veem obrigadas a recorrer a instituições privadas para dar à luz. No entanto, a atenção adequada para um parto normal ou uma cesárea pode custar entre 30 e 53 salários mínimos. E os preços cobrados pelas clínicas vêm sendo reajustados por causa da elevada inflação e da crise econômica que atravessa o país.

Em entrevista ao “El Universal”, especialistas explicaram que apenas um parto ou uma cesárea não representam todo o custo do procedimento necessário para dar à luz. A mãe e o bebê precisam do atendimento de uma série de especialistas e de precauções especiais para casos de emergência — exigências que maternidades públicas não são mais capazes de cumprir com as dificuldades da economia venezuelana.

“Em 2007, tive meu primeiro filho em uma maternidade pública. Foi uma gravidez delicada, ele nasceu com sete meses e lá recebeu atenção. Desta vez, meu médico me pediu para ter o bebê em uma clínica porque preciso de cesárea, mas eu não tenho seguro”, disse Alejandra Herrero, que está grávida do seu segundo filho, ao jornal venezuelano.

Faltam suprimentos básicos nos hospitais venezuelanos, como bolsas de sangue e remédios. O mesmo acontece nas prateleiras de farmácias e supermercados do país. A Venezuela não possui uma forte indústria farmacêutica, de modo que o país importa a maior parte de seus medicamentos e materiais hospitalares. A atual escassez acaba afetando também grandes hospitais e farmácias privadas.

“Contexto de Guerra”

Em visitas recentes à Venezuela, a ONG Human Rights Watch constatou a escassez de medicamentos como analgésicos e outros voltados para o tratamento da asma, hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, entre outras. Seringas, gaze e agulhas estavam em falta e mesmo exames laboratoriais básicos não podiam ser realizados.

Segundo o diretor da Associação Venezuelana de Clínicas e Hospitais, Aquiles Salas, a escassez leva ao aumento dos preços dos serviços médico, os quais, segundo ele, ainda estão abaixo da velocidade a que sobe a inflação.

“Os custos da sala de parto e da hospitalização exigiram ajustes por conta, em primeiro lugar, do aumento do preço dos materiais e suprimentos. E, em segunda instância, para cobrir os aumentos dos honorários médicos e dos salários dos funcionários”, disse Salas ao “El Universal”.

Recentemente, a Human Rights Watch alertou para a brusca deterioração do sistema de saúde na Venezuela, afirmando que os problemas vividos no país se assemelham aos de países em contextos de guerra. De acordo com a organização, o setor enfrenta uma profunda crise, com milhares de pacientes sem receber tratamentos médicos essenciais e sem materiais necessários para a realização de cirurgias.

De acordo com a rede “Médicos por la Salud”, no final de 2014, os hospitais públicos tinham uma lista de espera para cirurgias de aproximadamente 20 mil pacientes, incluindo 4 mil no Hospital Universitário de Caracas.

“Em nossa experiência documentando esse tipo de problema em países de todo o mundo, raramente noticiamos — a não ser em contextos de guerra — uma deterioração tão brusca do acesso a medicamentos essenciais, como a que temos visto na Venezuela”, afirmou o diretor de saúde e direitos humanos da ONG Diederik Lohman, em reportagem publicada no jornal “Washington Post”.

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