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Copiloto Andreas Lubitz, segundo a investigação, realizou manobras de descida desnecessárias em voo anterior ao que derrubou | STRINGER/REUTERS
Copiloto Andreas Lubitz, segundo a investigação, realizou manobras de descida desnecessárias em voo anterior ao que derrubou| Foto: STRINGER/REUTERS

Andreas Lubitz, copiloto alemão que derrubou em março um avião da Germanwings com 150 pessoas a bordo na região dos alpes na França, ensaiou seu suicídio no voo de ida da aeronave, confirmaram os investigadores do acidente, que asseguraram que o fato não tinha como ser detectado.

Nem os tripulantes, nem o controle aéreo francês e nem os ocupantes do avião perceberam que Lubitz tinha programado o avião para que baixasse até a altura mínima possível, 100 pés, cerca de 30 metros, em cinco ocasiões durante voo, embora finalmente tenha corrigido a manobra.

O diretor do Escritório de Investigação e Análise (BEA), Remi Jouty, responsável pelas investigações técnicas, indicou a um grupo que é possível concluir que Lubitz “ensaiou o gesto que depois realizou”, embora precisou que ainda é prematuro antecipar os motivos que o levaram a isso.

Perante um grupo de jornalistas internacionais, o responsável desta agência francesa detalhou os elementos do relatório preliminar da investigação, divulgado nesta quarta-feira (6), e anunciou esta manobra do trajeto de ida que tinha sido previamente revelada pelo jornal alemão “Bild”.

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A informação das caixas-pretas do avião, cruzada com as comunicações com o centro de controle francês, evidenciaram que Lubitz ensaiou o choque voluntário do avião que realizou horas mais tarde no voo de retorno a Düsseldorf.

O aparelho, um A320 do fabricante europeu Airbus, tinha partido às 6h01 local da cidade alemã com destino a Barcelona com a mesma tripulação que posteriormente faria a volta.

Às 7h19, o piloto saiu da cabine e, nessa ocasião, Lubitz regulou até em cinco ocasiões, em apenas quatro minutos, o piloto automático em posição de 100 pés, a mínima permitida, e a mesma que horas mais tarde terminou em colisão.

Essas manipulações passaram despercebidas para os passageiros, para o resto dos membros da tripulação e para o controle aéreo francês, já que nesse momento o avião já se encontrava em fase de descida, assinalou Jouty.

Os controladores de Bordeaux tinham ordenado ao avião descer de 37 mil pés a 35 mil pés em um primeiro momento e a 21 mil pés posteriormente, por motivos que ainda desconhecidos pelos investigadores do BEA, mas que são normais no tráfego aéreo.

“Esses motivos não são importantes para a investigação”, indicou o diretor do BEA.

Após os testes, momentos antes do piloto voltar a seu posto de comando, Lubitz voltou a situar o avião em sua altura normal, prévia ao início da manobra de aterrissagem, que aconteceu sem problemas às 7h57.

Desastre

Às 9h, o avião decolou do aeroporto de Barcelona com destino a Düsseldorf e 41 minutos mais tarde caiu na montanha depois que o copiloto, outra vez sozinho na cabine, voltou a dirigi-lo a uma altura de 100 pés.

O relatório preliminar publicado hoje confirma que Lubitz manipulou de forma voluntária o avião para chocá-lo e abre a porta para fase seguinte das investigações, que passa por “examinar o sistema de avaliação de atitude dos pilotos” de linhas aéreas, segundo Jouty.

“Temos que tentar determinar como é possível que um piloto com problemas psicológicos possa estar na cabine de comando apesar de haver todo um sistema de acompanhamento”, afirmou Jouty, que reconheceu que há “exigências contraditórias difíceis de conciliar” entre os imperativos de segurança que permitem aos pilotos se isolar na cabine e os imprevistos psiquiátricos.

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