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 | Nahuel Padrevecchi-gv/GCBA
| Foto: Nahuel Padrevecchi-gv/GCBA

Marcos Peña comandou a campanha de Mauricio Macri e é considerado o braço direito do novo presidente argentino. Ele diz ter ficado surpreso com a “profunda deterioração do Estado”, confirma a defesa de uma aliança estratégica com o Brasil, questiona o governo venezuelano e fala de possível visita de Obama à Argentina.

O que mais os surpreendeu no primeiro mês de governo?

A constatação de que temos um Estado muito mais deteriorado do que se percebia .

E o que foi mais difícil?

Colocar em marcha o Estado, perder tempo em acomodar-nos após uma transição curta e com pouca colaboração do kirchnerismo.

Nos últimos anos, quando um correspondente estrangeiro chegava à Argentina recebia a mesma advertência: não perca tempo em tentar contato com funcionários do governo ou em pedir informações oficiais. Assim, fica fácil entender a emoção de um jornalista ao colocar os pés na Casa Rosada para entrevistar um alto funcionário do Executivo. E, estando lá, descobrir que a nova administração pensa em melhorar a sala de imprensa, algo que também deve fazer na residência oficial de Olivos, além de permitir o acesso da mídia estrangeira. Na despedida, um simples “nos falamos” de integrantes do governo deixa a sensação de que esta é uma nova era.

Circularam muitos comentários sobre buracos no chão da Casa Rosada...

A deterioração é profunda e vai muito além disso. O kirchnerismo concebeu o governo como um grande ato de comunicação, mas sem qualquer realidade por trás disso. A sensação ao se entrar na Casa Rosada é de que não se trabalhava aqui.

O novo governo encontrou suspeitas de corrupção?

O que descobrimos foi que, quando existe um Estado que não tem transparência, mas que tem muitos recursos, há um espaço enorme para aumentar os custos políticos sem dar explicação à sociedade, para que não exista controle social sobre contratações e para que funcionários tenham sua pequena parcela de corrupção.

Poderiam ser apresentadas denúncias?

Vamos colocar tudo on-line e colaborar com todos para facilitar essa informação. Nosso foco é cumprir nossas metas. O kirchnerismo é uma etapa encerrada. Mas, sim, é possível que sejam encontradas novas coisas.

Os decretos de necessidade e urgência de Macri foram questionados, até mesmo por seus aliados ...

As discussões internas são saudáveis. Em certas situações, teremos pontos de vista diferentes, em outros podem existir questões de comunicação interna a serem melhoradas, como no caso da Corte Suprema (Macri designou dois magistrados por decreto, sem antes avisar seus aliados). Os decretos irão ao Congresso. Não existe vocação autoritária.

Existe preocupação com a crise brasileira?

Observamos com o desejo de que o Brasil se recupere o mais rápido possível. Como sócio estratégico central, quanto mais rápido sair de sua situação de conflito, mais rápido poderemos começar a trabalhar juntos.

Macri tem boas relações com os presidentes da região, menos com o venezuelano Nicolás Maduro...

Não temos um problema pessoal, muito menos com os venezuelanos. Existem uma defesa de valores e uma ideia de que é necessário ajudar a Venezuela para que o país respeite as instituições democráticas e os direitos humanos.

Obama virá a Argentina ?

Não existe notificação oficial, mas, sim, conversas. Queremos trabalhar numa boa relação com os EUA. Queremos uma agenda de trabalho mais saudável e menos dramática.

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