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A Coreia do Norte queria um papel maior nos Jogos Olímpicos de inverno, em Seul, mas não foi o que recebeu | KIM WON-JIN/
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A Coreia do Norte queria um papel maior nos Jogos Olímpicos de inverno, em Seul, mas não foi o que recebeu| Foto: KIM WON-JIN/ AFP

Se desta vez a retomada das conversas entre Coreia do Sul e Coreia do Norte resultou em um acordo para que dois patinadores norte-coreanos possam participar dos Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang, antes dos Jogos de Seul, em 1988, as conversas entre os dois países terminaram de forma bem diferente. 

Há 30 anos, a Coreia do Sul tentava usar os Jogos como vitrine para mostrar sua transformação em uma nação moderna com economia pujante, depois da guerra que marcou a península nos anos 1950. 

Já a Coreia do Norte resistia ao reconhecimento internacional da existência de duas Coreias e queria ser incluída na organização dos Jogos. Os países e o Comitê Olímpico Internacional negociaram durante três anos, mas Pyongyang, que queria um papel maior nos Jogos, recusou a oferta de ser sede de alguns poucos eventos esportivos, acusando o Sul de promover a divisão da península. 

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Antes da competição, no final de 1987, o governo norte-coreano explodiu um avião sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo, em uma tentativa de desestabilizar o torneio. 

A Coreia do Norte também tentou liderar um boicote dos países socialistas aos Jogos, mas conseguiu a adesão apenas de Cuba, Nicarágua e Etiópia -importantes países socialistas da época, a URSS e a Alemanha Oriental, decidiram participar da Olimpíada de Seul. 

Os Jogos foram vistos como um sucesso, com a participação de 159 países, mas contribuíram para o isolamento da Coreia do Norte, que, sem apoio de aliados e sem conseguir negociar com o Sul, o país apostou no fortalecimento de suas forças militares e iniciou seu programa nuclear nas décadas seguintes. No ano passado, Pyongyang fez um teste de uma bomba de hidrogênio e 16 testes de mísseis intercontinentais. 

Transição democrática 

Os Jogos de 1988 também contribuíram para a consolidação da democracia na Coreia do Sul, que até 1987 era uma ditadura. 

Legado do governo de Park Chung-hee nos anos 1970, a candidatura de Seul a sediar a Olimpíada em 1988 foi vitoriosa em 1981, já durante o governo de Chun Doo-hwan, sucessor de Chung-hee. 

Protestos pró-democracia se intensificaram no país ao longo da década de 1980, chegando ao ápice no início de 1987. Havia o temor de que Doo-hwan reagisse com repressão violenta aos protestos, mas analistas acreditam que o fato de que o país sediaria os Jogos evitou essa reação. Ainda em 1987, o ditador permitiu que fossem realizadas eleições livres e o país se tornou uma democracia desde então.

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