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Fritzl esconde o rosto no tribunal de Justiça austríaco: admissão de culpa em estupro e sequestro | Robert Jaeger / Reuters
Fritzl esconde o rosto no tribunal de Justiça austríaco: admissão de culpa em estupro e sequestro| Foto: Robert Jaeger / Reuters
  • Josef Fritzl é flagrado sem esconder o rosto em intervalo do julgamento, enquanto é escoltado por policiais
  • Fritzl mantinha sua filha Elisabeth em cativeiro no porão de sua casa
  • Veja que Fritzl manteve a filha presa por 24 anos no porão

Depois de 24 anos presa em um porão de 60 metros quadrados, sem luz nem ventilação natural, onde era frequentemente estuprada pelo próprio pai, Elisabeth Fritzl finalmente depôs na Justiça austríaca sobre os abusos a que foi submetida, nesta terça-feira (17). Poupada de ficar cara-a-cara com seu agressor, ela gravou um vídeo de 11 horas de duração em que conta, em detalhes, os horrores vividos nos 8.461 dias de cativeiro. Devido ao conteúdo muito pessoal do depoimento, as portas do tribunal de Sankt Pölten permaneceram fechadas para a imprensa - com exceção das agências austríacas APA e ORF, que tiveram acesso à sala.

Elisabeth, hoje com 42 anos, conta na gravação como foi encarcerada pelo pai em agosto de 1984, quando tinha 18 anos. Fritzl atraiu a filha até o porão - que na época tinha apenas 20 metros quadrados, um lavabo, um banheiro e uma cozinha - a dopou e algemou. Em seguida, Elisabeth foi forçada a escrever à mãe dizendo que tinha entrado para uma seita e pedindo que não a procurassem. Ao longo dos anos, e após inúmeros estupros, ela teve sete filhos com o pai. Mas apenas três passaram a vida no porão com ela - um morreu ainda bebê e outros três foram criados pela avó, Rosemarie, e pelo pai-avô, que simulou o abandono das crianças na porta da casa da família.

De acordo com a promotora do caso, Christiane Burkheiser, as condições de vida da família eram precárias e, em alguns momentos, Elisabeth Fritzl precisou matar ratos com as próprias mãos para defender os seus filhos.

Além de Josef Fritzl e seu advogado, três juízes e oito jurados assistiram a partes do vídeo-depoimento gravado por Elisabeth. Também foi exibido o relato de um irmão da vítima - o único da família que aceitou depor no caso, também por meio de uma gravação. O resto da família que se negou a testemunhar.

Não foram divulgados detalhes sobre a reação do réu, de quem só se revelou que "acompanhou a exibição com toda a atenção e cuidado", respondendo às perguntas feitas.

Durante a exibição do vídeo, o júri popular, a promotora e a defesa de Fritzl interrogaram também um neonatologista sobre a suposta responsabilidade do réu na morte, em 1996, de um dos sete filhos que teve com Elisabeth. Baseando-se no testemunho da vítima, a Promotoria argumenta que Fritzl ignorou os pedidos da filha para que trouxesse ajuda médica para o recém-nascido devido aos problemas respiratórios que sofria. A acusação pode fazer com que Fritzl pegue prisão perpétua.

O depoimento de Elisabeth é essencial para o julgamento do austríaco, conhecido como "Monstro de Amstetten". Segundo um porta-voz judicial, o documento foi gravado por Elisabeth durante vários dias e a experiência foi "muito estressante para ela".

Na quarta-feira, está prevista a apresentação de um relatório psiquiátrico sobre o estado mental do acusado, aberta a um pequeno número de jornalistas. Também está previsto que dois peritos testemunhem sobre os sistemas de ventilação e acesso ao porão-prisão onde Elisabeth e os filhos foram mantidos.

A sentença do aposentado de 73 anos deve ser divulgada nesta quinta-feira (19), para quando está previsto o anúncio do veredito de culpabilidade ou inocência. ele é acusado de assassinato, escravidão, estupro, cárcere privado, coação e incesto.

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