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Donald Trump manifestou apoio à decisão britânica de ruptura com o bloco europeu: imigração é tema central de sua campanha eleitoral, bem como dos “eurocéticos”. | Oli Scarff/AFP
Donald Trump manifestou apoio à decisão britânica de ruptura com o bloco europeu: imigração é tema central de sua campanha eleitoral, bem como dos “eurocéticos”.| Foto: Oli Scarff/AFP

A decisão dos britânicos de abandonar a União Europeia tem paralelos com o fenômeno da ascensão de Donald Trump nos Estados Unidos. Não à toa, o candidato republicano à Casa Branca manifestou seu apoio à votação que definiu a ruptura, dizendo que os britânicos “retomaram seu país”, durante uma visita à Escócia para a reabertura de um resort de golfe.

Para analistas, o Brexit é mais um aspecto da revolta da população contra elites políticas e intelectuais. “É uma explicação para que acaba de acontecer: os britânicos disseram não às suas elites. É uma revolta dos pequenos contra os ricos”, analisa Dominique Moisi, do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri).

O resultado da votação no Reino Unido escancara as divisões do país, em especial na Inglaterra: Londres, a cosmopolita, votou por ficar na UE; a saída foi referendada no norte industrial e no sudeste, onde o discurso anti-imigrantes teve êxito. “A confiança das pessoas no sistema desapareceu. A UE se tornou um produto difícil de vender no Reino Unido e em quase toda a Europa”, enfatiza Melanie Sully, cientista política britânica residente na Áustria.

O sentimento que alimentou a vitória da saída do bloco é similar ao que impulsiona a candidatura de Trump nos EUA. No coração das duas campanhas pulsava a mensagem de que a imigração está fora de controle e de que é preciso resgatar a identidade das sociedades britânica e americana.

Melanie Sully enfatiza que o partido nacionalista britânico Ukip e legendas similares em outros países prosperam sobre a fúria das pessoas ignoradas pelos poderosos. “A população tem a sensação de ter sido abandonada, que nada se faz por eles, em particular em termos de imigração ou economia.”

As pessoas, sejam elas europeias ou americanas, agora carregam uma desconfiança sobre toda e qualquer instituição política de grande escala que promete “saber o que é melhor” para elas. Donald Trump colocou essa desconfiança sobre o establishment no centro de sua disputa eleitoral.

Outros países

Os “eurocéticos” pedem agora para realizar referendos em outros países. Exemplos disso vêm de Marine Le Pen e Geert Wilders, líderes da extrema-direita na França e Holanda, respectivamente. O Brexit é, de fato, resultado do sucesso do populismo de direita e de esquerda. Seu avanço é claro há anos na Holanda e na França, dois países fundadores da UE, na Áustria, onde a extrema-direita quase conseguiu, em maio, a presidência, e na Itália, onde o Movimento Cinco Estrelas (M5S) acaba de conquistar a prefeitura de Roma. Fora da Europa, o fenômeno chegou a países tão diversos como Filipinas e Guatemala.

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