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Uma euforia frenética tomou conta dos arredores do Palácio presidencial de Miraflores, no centro histórico de Caracas, segundos depois de divulgada a notícia de que Hugo Chávez continuará governando a Venezuela. "A revolução já é imparável", gritava emocionada à AFP María Bermúdez, uma educadora do estado Guárico (norte da Venezuela), apoiando-se na varanda de Puente Llaguno, na avenida de Miraflores, a poucas quadras do palácio presidencial.

Depois do fechamento dos colégios eleitorais, as ruas do centro da capital foram se enchendo de chavistas que, com grande alvoroço, cornetas e música, queriam acompanhar Chávez na lenta espera até a divulgação dos resultados.

Houve várias horas de música, baile e fogos de artifício, até que os simpatizantes do presidente, que governa a Venezuela desde 1999 com foco nos mais desfavorecidos, se reuniram ao redor de vários carros para ouvir pelo rádio a voz da presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, anunciando os resultados.

"O candidato Hugo Rafael Chávez Frías, com 54,42% dos votos...", começou a dizer Lucena até sua voz ser abafada pelos gritos de alegria dos presentes, a grande maioria deles vestidos de vermelho, a cor do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), que começaram a gritar, pular e chorar entre abraços formando uma onda de fervor que foi se propagando por todas as ruas.

"Chávez nunca perdeu meu voto para continuar com a revolução. Eu venho aqui, porque faz parte desta luta", gritava Bermúdez apontando a ponte, que entrou para a história recente venezuelana depois de que várias pessoas morreram em 2002 durante o golpe de Estado que tirou Chávez brevemente do poder.

Enquanto isso, milhares de simpatizantes ensandecidos, com bandeiras venezuelanas nas mãos, a pé, em moto, ou em caminhões, foram se aproximando de Miraflores, para esperar - como é tradicional- o presidente sair ao Balcón del Pueblo para pronunciar as palavras de vitória pelo novo mandato, o terceiro de seis anos.

Vestido de vermelho, rodeado de ministros e familiares, Chávez saiu e, entre uma grande euforia de um povo rendido a seus pés, cantou o hino venezuelano, e com a voz afônica pronunciou um apaixonado discurso em que se comprometeu a aprofundar a revolução e dedicou algumas palavras para o candidato opositor, Henrique Capriles Radonski, que, um pouco antes, havia aceitado a derrota.

"À oposição, estendo as duas mãos, porque somos irmãos na pátria de Bolívar", disse entre gritos de "Chávez não se vai!".

Minutos depois, o presidente tirou uma espada do libertador Simón Bolívar, "a espada libertadora de América, a espada dos povos", disse, provocando a surpresa dos presentes. Depois do discurso, a multidão começou a se dispersar. "Imagine uma América sem Chávez. Isso é impossível, seria um efeito dominó", gritou uma mulher em uma moto, desaparecendo entre o barulho de outras motocicletas abrindo caminho entre a multidão, uma imagem muito típica das concentrações chavistas.

Caminhando de mãos dadas com seu filho, Alfredo Salcedo, funcionário público de 32 anos, se perguntava: "Como não lhe agradecer, como não estar com a revolução?", disse à AFP. "O presidente deu muitas oportunidades às pessoas. Continuarei com o presidente enquanto Deus lhe der vida e saúde", disse sobre o presidente, que se diz curado de um câncer.

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