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Uma mulher gesticula enquanto é escoltada por policiais para fora de uma área isolada depois que uma van passou por cima de uma multidão, matando 13 pessoas e ferindo mais de 80 em Rambla, Barcelona, rua mais popular da cidade | PAU BARRENA/AFP
Uma mulher gesticula enquanto é escoltada por policiais para fora de uma área isolada depois que uma van passou por cima de uma multidão, matando 13 pessoas e ferindo mais de 80 em Rambla, Barcelona, rua mais popular da cidade| Foto: PAU BARRENA/AFP

O grupo extremista Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado em Barcelona que deixou ao menos 13 mortos e mais de 100 feridos. Uma van atropelou dezenas de pessoas no centro de Barcelona por volta das 17h desta quinta-feira (17), 12h em Brasília. O grupo divulgou comunicado através de sua agência de notícias, Aamaq, e o núcleo de inteligência SITE, que monitora grupos extremistas, confirmou a informação. 

Leia também: 9 respostas para entender o Estado Islâmico e os ataques na Europa

"Os responsáveis pelo ataque em Barcelona são soldados do Estado Islâmico e conduziram a operação em resposta a chamados para atacar Estados da coalizão [que luta contra a milícia na Síria e no Iraque]." 

Este é o pior ataque da história da Espanha desde 2004, quando extremistas islâmicos explodiram bombas no metrô de Madrid, matando 191 pessoas e ferindo mais de 1.800.

Terrorista morto

O chefe dos Mossos d'Esquadra (polícia catalã), Josep Lluís Trapero, afirmou que o motorista fugiu a pé após deixar a van em frente ao Teatro del Liceu -seu paradeiro continua desconhecido.  

Trapero confirmou a prisão de dois suspeitos de ligação com o atentado. O primeiro foi o marroquino Driss Oubakir, 28, que morava legalmente em Ripoll (a 105 km de Barcelona) e teria alugado a van usada pelo terrorista nos arredores de Barcelona. 

O outro preso é um espanhol do enclave de Melilla, no norte da África, cujo nome não foi divulgado. O homem, segundo a polícia, seria o responsável por uma explosão vinculada ao ataque em um prédio de Alcalar, a 202 km de Barcelona —na ação, ocorrida de madrugada, uma pessoa morreu e sete ficaram feridas. 

A polícia, porém, descarta relação do atentado com outro atropelamento ocorrido horas antes nas Ramblas, em que o motorista foi morto pela polícia após atropelar dois agentes.

O mesmo modus operandi de atropelamento de aglomerados já havia sido registrado em outras cidades europeias desde o ano passado, como em Londres, Nice, Berlim e Estocolmo. Em todos os episódios, extremistas muçulmanos foram apontados como autores do crime.

Todas as estações de metrô e trem foram fechadas. As autoridades pediram que moradores e turistas evitem a região. 

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, informou que está em contato com as autoridades e que a prioridade é atender os feridos e facilitar o trabalho das forças de segurança. Os hospitais de Barcelona pedem doações de sangue para auxiliar os feridos. Não há registro de brasileiros entre as vítimas até o momento.

A região onde o ataque ocorreu é uma das mais movimentadas da Europa nessa época do ano, verão no continente.  

Pronunciamento

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, afirmou em pronunciamento à imprensa que as sociedades livres, como a espanhola, têm como principal prioridade a luta contra o terrorismo e que o país está unido "contra inimigos que querem nos destruir". As declarações foram feitas horas depois do atentado em Barcelona, que deixou ao menos 13 mortos e 100 feridos. 

O premiê disse ainda que a Espanha, em cooperação com outros países, conseguirá vencer o terrorismo. "Um problema global como o terrorismo tem de ter uma resposta também global", afirmou. "E a luta contra o terrorismo se dá com unidade, cooperação e apoio internacional, assim como na luta por nossos princípios de democracia, liberdade e direitos das pessoas." 

Rajoy decretou ainda luto oficial de três dias por causa do atentado e afirmou que o atendimento às vítimas e aos familiares delas são a primeira prioridade. 

O premiê agradeceu também os líderes mundiais que lamentaram o atentado. Ele fez ainda um agradecimento especial às forças policiais espanholas. 

"Sofremos a dor de um golpe terrível. Mas temos de reconhecer o trabalho dos homens e mulheres da polícia espanhola que impediram outros ataques nos últimos anos", afirmou.

Cidade vazia

O professor brasileiro Olver Seitz, de 36 anos, mora nas imediações de La Rambla e relata que a cidade ficou deserta após o incidente. Ele estava buscando a esposa no trabalho, numa área mais distante dali, e não viu o ataque. Mesmo assim, a tensão provocada pelo terrorismo pode ser sentida por todos em Barcelona, pontua. “É uma sensação estranha porque sabemos que estamos seguros por toda a atenção que existe, mas sempre fica uma tensão no ar”, diz.

Condolências 

"Sejam duros e fortes, nós amamos vocês", escreveu o presidente americano, Donald Trump, em uma rede social. "Os EUA condenam o ataque terrorista em Barcelona e farão todo o necessário para ajudar." 

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, disse que "terroristas em todo o mundo devem saber que os EUA ou nossos aliados estão comprometidos em encontrá-los e trazê-los à Justiça".

"O governo brasileiro deplora veementemente o ataque terrorista ocorrido na tarde desta quinta-feira em Barcelona", afirmou, em nota, o Itamaraty. Não há registro de brasileiros entre as vítimas até este momento.

O governo do México, Japão, Brasil e França, além do prefeito de Londres, Sadiq Khan, também enviaram condolências a vítimas e familiares sobre o ocorrido.

Mesma estratégia

Confirmado como ataque terrorista, o episódio em Barcelona entra em uma já extensa lista de atentados na Europa em que os autores usaram veículos como armas. Em 2016, os mais mortíferos ocorreram com caminhões em Nice (14 de julho, com 86 mortos e 434 feridos) e Berlim (19 de dezembro, com 12 mortos e 56 feridos). 

Neste ano, Londres foi alvo de três ações semelhantes, mas com automóveis. Em 19 de junho, uma pessoa morreu e dez ficaram feridas quando um extremista de direita avançou com uma van contra pedestres perto da saída de uma mesquita

No mesmo mês, no dia 3, terroristas usaram uma van para atropelar pedestres na ponte de Londres e atacaram pessoas a facadas num mercado próximo. O ataque foi reivindicado pela organização terrorista Estado Islâmico. 

Em 23 de março, um motorista matou duas pessoas e feriu outras 40 em um atropelamento na ponte de Westminster. Depois, saiu do carro e esfaqueou um policial num dos portões do Parlamento britânico –o agente também morreu. A ação também foi reivindicada pelo EI. 

A capital da Suécia, Estocolmo, também foi alvo de um ataque com veículo em 2017. Em 7 de abril, um motorista avançou com um caminhão sobre pedestres e deixou cinco mortos. 

Na edição de novembro de 2016 da revista "Rumiyah", publicada pelo EI, um texto sugeria a utilização de veículos como arma contra os "infiéis", por ser uma forma simples e barata de praticar um ataque. 

Solidariedade

Em meio à confusão, um dos hotéis da cidade - Turisme Barcelona, oferece espaço aos turistas que não podem acessar seus locais de hospedagem porque a área está isolada. Os motoristas de táxi de Barcelona disponibilizam transporte gratuito.

Por causa do atentado, o festival Gracia, o mais famoso de todos os festivais locais de Barcelona,  que seguiria até 21 de agosto, foi suspenso.

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