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Obama se sentado no lugar ocupado por Rosa Parks em 1955, quando começou a luta contra a segregação racial nos EUA | Pete Souza (Casa Branca)/Divulgação
Obama se sentado no lugar ocupado por Rosa Parks em 1955, quando começou a luta contra a segregação racial nos EUA| Foto: Pete Souza (Casa Branca)/Divulgação

Histórias

Personagens que se destacaram na luta dos negros pela igualdade de direitos.

• Rosa Parks

O movimento de luta contra a segregação racial nos Estados Unidos teve início em 1º de dezembro de 1955 quando a costureira negra Rosa Parks (1913-2005) foi presa após se recusar a ceder o assento a um homem branco. Em Montgomery, capital do Alabama, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. O episódio motivou o boicote de negros ao transporte público local, com o apoio do líder Martin Luther King (1929-1968).

• Rodney King

A absolvição dos policiais brancos que espancaram o taxista negro Rodney King completa duas décadas hoje. A violência contra o taxista, acusado de dirigir em alta velocidade em março de 1991, em Los Angeles, foi registrada por uma testemunha em vídeo que correu o mundo. King está com 47 anos.

Artigo

Bill Keller, colunista do jornal The New York Times.

Uma forma de hipocrisia

Está enraizada em nossa cultura a noção de que crimes cometidos tendo em mente um rancor racial devem ser punidos com mais severidade do que crimes idênticos cometidos por ganância ou vingança.

Crimes hediondos merecem uma justiça severa, mas será que não devíamos ter mais cuidado em criminalizar um defeito de caráter? O problema está de volta graças às mortes trágicas de dois adolescentes. Um é Tyler Clementi, um estudante que se matou após seu colega de quarto ter divulgado na internet um vídeo dele beijando outro homem. O outro é Trayvon Martin, um jovem negro na Flórida que foi assassinado a tiros por um voluntário da vigilância comunitária. O colega de quarto de Clementi, Dharum Ravi, foi condenado por agir motivado por preconceito antigay, o que pode acrescentar 10 anos de prisão à sua sentença. O atirador de Trayvon Martin, George Zimmerman, não foi acusado de nada, mas os políticos já estão utilizando a palavra "ódio".

Muitas das justificativas para leis contra crimes de ódio me parecem fadadas ao fracasso: crimes motivados por preconceito aterrorizam mais do que somente a vítima imediata; sim, mas o mesmo vale para o ladrão que frequenta uma vizinhança em particular. Devemos proteger os mais vulneráveis; certo, então por que não atribuir penalidades extras para criminosos que visam os pobres, as crianças ou os mais velhos? Racismo e outros preconceitos são motivos especialmente ofensivos, mas piores do que o sadismo ou a pedofilia? As leis de discriminação são amplamente aceitas, são compreensíveis e provavelmente estão aqui para ficar. Mas elas me parecem uma forma custosa de hipocrisia.

Tradução de Adriano Scandolara.

Vinte anos atrás, exatamente num 29 de abril, começa­­ram os protestos em Los An­­geles depois da absolvição dos policiais brancos que espancaram Rodney King.

A violência contra o taxista negro havia ocorrido um ano antes, em 1991. Em três dias de protestos, a cidade da Califórnia conhecida por ser o centro da indústria cinematográfica norte-americana se tornou o centro de um inferno feito de depredações e incêndios que causaram mais de US$ 1 bilhão em estragos, 55 mortos e 2.300 feridos.

O economista e professor de ciência política Másimo della Justina, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), estava nos Estados Unidos na época dos conflitos e se lembra da cobertura quase ininterrupta das emissoras de tevê, mostrando a violência nas ruas californianas. Para ele, episódios de racismo ainda são frequentes em um país que tem, pela primeira vez em sua história, um presidente negro – o democrata Barack Obama.

Sean Purdy, professor de história dos Estados Unidos da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a eleição de Obama foi um avanço limitado contra o racismo. "Ele, por acaso, é negro, mas tem recebido duras críticas da comunidade negra nos últimos anos", diz Purdy.

Della Justina afirma que a cor da pele de Obama não foi decisiva para a eleição. "Pelas condições econômicas em 2008, qualquer candidato teria derrotado o Partido Republicano", explica. O professor observa que o presidente nunca fez uso político de sua raça na Casa Branca e diz que a eleição dele não mudou as "patologias raciais".

Evolução

Apesar das dificuldades,­­ o professor de Direitos Hu­­manos Rui Dissenha defende que os direitos civis evoluíram nos Estados Unidos. "Isso não quer dizer que não existam problemas, não se pode imaginar que a questão dos preconceitos raciais se resolva, pois não se resolverá jamais.

Mas a sociedade americana parece mais apta hoje à convivência plural do que já foi em outras épocas."

Segundo Della Justina, epi­­sódios recentes como do jovem negro Trayvon Martin (morto pelo vigilante de ori­­gem hispânica George Zim­­merman, no início do ano), e muitos outros que acontecem e não ganham visibilidade, mostram que as tensões ainda existem. Mesmo quando o quesito ódio não está evidente no crime – caso de Zimmerman, que diz ter reagido em defesa própria.

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