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Uma festa de debutante frustrada pelas proibições eleitorais, candidatos vaiados quando iam votar, excesso de zelo dos júris e duas mortes em colégios eleitorais entraram neste domingo para o anedotário das eleições regionais e municipais hoje na Bolívia.

Uma adolescente de La Paz e sua família nunca esquecerão esta eleição, não porque seja a grande festa da democracia, mas pelo desgosto que tiveram quando a polícia invadiu, a meia-noite, em seu baile de debutante e expulsou os convidados.

Na Bolívia, 48 horas antes da eleição entra em vigor um “auto de bom governo” que proíbe, entre outras coisas, o consumo e venda de álcool e a celebração de reuniões e espetáculos até o fim das votações.

Embora a mãe da aniversariante tenha pedido a compreensão dos agentes e que permitissem continuar mais uma hora com a festa, a lei se mostrou implacável e a debutante se tornou gata borralheira na meia-noite de sexta-feira.

Esta foi tão uma das quase 1.400 violações do “auto de bom governo” registradas pelas autoridades, a maior parte delas circular sem permissão, consumir álcool ou os dois ao mesmo tempo.

Também o excesso de zelo de alguns dos responsáveis das mesas de votação deu o que falar hoje, depois do júri eleitoral ter anulado votos na cidade de El Alto porque considerou as cédulas estavam mal dobradas.

Eleitores destacaram à Agências Efe na saída de uma zona eleitoral de La Paz que era complicado dobrar as cédulas “porque têm o tamanho de um lençol” e ironizaram que para votar na Bolívia quase é necessário saber “origami”.

Outro cidadão, membro da Confederação Sindical de Comunidades Interculturales da Bolívia, denunciou que não permitiram que votasse em um recinto do departamento de La Paz porque vestia uma camiseta azul dessa organização, aliada do Governo.

O votante frustrado disse à imprensa que trocou de roupa, mas nem mesmo assim pôde votar.

Em uma imagem já tradicional nos dias de eleição na Bolívia, as ruas voltaram a se encher de famílias, crianças de bicicleta e adolescentes de skate, que aproveitaram as inéditas ruas desertas de veículos para tomar as vias públicas das cidades.

Menos bucólica foi a cena registrada em um colégio eleitoral da região de Tarija, onde o candidato governista ao Governo foi vaiado quando chegou para votar.

Querer cumprir com o dever democrático - na Bolívia é obrigatório votar - saiu caro para um homem e uma mulher no departamento central Cochabamba, pois eram ladrões procurados pelo roubo de um milhão de bolivianos (cerca de US$ 143 mil) na região vizinha de Potosí.

O casal foi detido quando estava na fila para votar, disse à imprensa o comandante da polícia de Cochabamba, Walter Valda.

A nota triste deste dia de votação foram as duas mortes em zonas eleitorais nos departamentos de Beni e La Paz.

Na região amazônica, um delegado da ONG “Nascer”, na cidade de Riberalta, morreu com infarto pouco depois da abertura das mesas de votação, enquanto na cidade de La Paz de El Alto uma mulher sofreu um ataque epilético e morreuu pouco depois.

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