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Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, discursa ao lado de congressistas | Federico Parra/AFP
Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, discursa ao lado de congressistas| Foto: Federico Parra/AFP

A decisão do Tribunal Supremo de Justiça de se apropriar dos poderes da Assembleia Nacional na Venezuela gerou repercussão internacional. Mas o que isto quer dizer? Entenda:

O que diz a sentença do TSJ?

Causa: A sentença da Sala Constitucional do TSJ foi uma resposta a um recurso de interpretação sobre a Lei Orgânica de Hidrocarbonetos. A lei indica que o governo, para constituir empresas mistas no setor petrolífero, precisa da aprovação prévia do Parlamento.

O que está por trás: A questão é chave para o governo, que busca financiamento para acabar com o déficit fiscal. Maduro também tenta atrair investimentos estrangeiros para os setores petrolífero e minerador para enfrentar a grave crise econômica no país.

Na prática: O máximo tribunal da Venezuela assumiu as funções do Parlamento — que podem ser delegadas a qualquer órgão que ele indicar — enquanto “sua situação de desacato permanecer”. Ao declarar omissão legislativa, a Corte indicou não existir impedimento para que o Executivo crie suas próprias leis.

A AN está em desacato?

O que diz o TSJ: A queda de braço entre o governo e o Parlamento começou em 2016, quando a oposição conseguiu a maioria dos deputados, após 16 anos de domínio do chavismo. Mas, em janeiro, o Supremo tentou impedir a posse de três deputados da oposição, eleitos pelo estado do Amazonas, com o argumento de que tinha havido fraude eleitoral.

A posição da AN: Os três deputados não exercem suas funções desde então por decisão da própria AN. Mesmo assim, o TSJ mantém a acusação de desacato.

O que mais o TSJ fez para ser questionado?

Imunidade: A decisão judicial de ontem ocorre dois dias após o TSJ deixar sem imunidade os parlamentares, abrindo a possibilidade de serem processados por crimes militares.

Mais poderes: A Corte ainda ordenou que Maduro “tome as medidas cíveis, econômicas, militares, penais, administrativas, políticas, jurídicas e sociais que considere pertinentes e necessárias para evitar um estado de comoção”.

Referendo: Durante a tentativa frustrada da oposição de convocar um referendo para realizar novas eleições presidenciais, a Corte anulou a coleta de assinaturas de cinco estados, invalidando o processo.

Como é formado o tribunal?

Salas: São seis salas: a Constitucional, que tomou as últimas decisões polêmicas e está acima de todas; a Político-Administrativa; a Eleitoral; e as de Cassação Civil, Penal e Social.

Mudança dos juízes: Em dezembro, antes da posse do novo Parlamento de maioria opositora, deputados chavistas, em sessão extraordinária, anteciparam em um ano a designação para o Supremo de 13 novos magistrados alinhados ao regime. A oposição denunciou a manobra.

Que poderes Maduro ganha?

‘Traição’: A decisão da AN solicitando que a OEA aplicasse a Carta Democrática, na semana passada, foi classificada por Maduro como “traição à pátria”, crime punível com penas de até 30 anos de prisão.

Decretos de emergência: Maduro já assinou seis decretos de emergência econômica, que o autorizam a tomar medidas para resolver a crise sem passar pela AN.

Quais problemas vive o presidente?

Escassez: De acordo com estimativas, a economia retrocedeu 11,3% em 2016, o que causou uma grave escassez de medicamentos e alimentos.

Inflação: É a mais alta do mundo, com projeções de 1.660% para 2017, segundo o FMI.

Criminalidade: Foram cerca de 28 mil mortes violentas em 2016 (91,8 a cada 100 mil habitantes), uma taxa dez vezes maior do que a média mundial.

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