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Os cavalos de bronze foram esculpidos por Josef Thorak para a chancelaria de Hitler | Fredrik Von Erichsen/dpa
Os cavalos de bronze foram esculpidos por Josef Thorak para a chancelaria de Hitler| Foto: Fredrik Von Erichsen/dpa

Os sonhos delirantes de Hitler de criar um império com uma capital repleta de obras monumentais que mostrassem a força nazista e a superioridade da raça ariana incluía os nomes de dois escultores, Josef Thorak e Arno Breker, resgatados do esquecimento por uma investigação policial. Nesta história, digna de ficção, aparecem agentes especialistas na busca de tesouros artísticos roubados, o Exército Vermelho da União Soviética e diversas instituições e personagens.

Estátua esculpida por Beker representava o “espírito do partido nazista”Wimimedia Commons

A investigação ocorria há muito tempo, mas a notícia se tornou pública recentemente com a descoberta de dois cavalos de bronze, gigantescos, esculpidos por Thorak para a chancelaria de Hitler. No mesmo depósito foram encontradas obras de Breker, principalmente figuras humanas de formato monumental.

A polícia alemã considera que se tratam de objetos roubados, mas o dono do depósito garantiu ter comprado essas esculturas do Exército Vermelho. Os cavalos estavam desaparecidos desde 1989, e nos últimos anos tinham aparecido no mercado negro com preços entre 1,5 milhão e 4 milhões de euros (R$ 5,13 milhões a R$ 13,69 milhões).

Por volta de 1943, em plena guerra, Hitler ordenou transferir os cavalos de Thorak e outras esculturas para uma oficina a 20 quilômetros de Berlim, onde as peças foram depois encontradas pelo Exército Vermelho. Os cavalos de Thorak e outras esculturas nazistas passaram a partir de 1950, já depois da Segunda Guerra, a fazer parte da decoração de um campo de esportes do exército soviético em Eberswalde, cidade próxima a Berlim. Algumas pareceram servir de alvo para práticas de tiro.

Elas passaram muito tempo despercebidas até que, em 1986, o artista Frank Lanzendörfer “tropeçou” nelas e fez um filme de 49 minutos, “Eisenschnäbelige Krähe”. Mais tarde, em janeiro de 1989, a historiadora da arte Magdalena Busshart publicou um artigo sobre as esculturas no jornal Frankfurter Allgemeine no qual, entre outros detalhes, falava de sua localização no campo de esportes de Eberswalde. Semanas depois, uma leitora escreveu uma carta ao jornal informando que as esculturas tinham desaparecido.

Figuras humanas eram o foco do escultor Arno Beker

Segundo o jornal Bild, ainda não está claro como os cavalos de Eberswalde desapareceram e ao longo dos anos surgiram várias hipóteses, desde sua mudança a Moscou até uma venda pelo regime da extinta República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha Oriental. Há dois anos, segundo o Bild, os cavalos foram oferecidos à historiadora de arte Magdalena Busshart por 1,5 milhão de euros por um homem que disse ter trabalhado com Alexander Schalck-Golodkowski, político da RDA. De acordo com a revista Der Spiegel, os cavalos também foram oferecidos em 2013 a uma comerciante de arte berlinense, Traude Sauer, por 3,1 milhões de euros.

Sauer era informante da polícia e reportou o caso ao diretor do departamento de arte roubada do Escritório Criminal em Berlim, René Allonge.

Paralelamente, o detetive holandês Arthur Brand soube, também através de um informante, que os cavalos estavam sendo oferecidos no mercado negro e fingiu ser um milionário americano, identificado como Moss, para fazer chegar a quem oferecia as esculturas a informação de que estava disposto a pagar 8 milhões de euros por elas.

A cooperação entre Brand e Allonge levou a uma série de revistas que terminaram com a descoberta dos cavalos de Thorak e outras esculturas nazistas. As obras foram encontradas em Bad Dürkheim, no depósito de Rainer Wolf. Em Kiel, em um lugar que pertencia a outro suspeito, de sobrenome Flick, mas sem relação com a célebre família de industriais, estavam as esculturas de Breker.

Flick aparenta ser um colecionador de objetos da época nazista. Tem, segundo a Der Spiegel, até um blindado do Exército do III Reich. Ele afirmou ter comprado as esculturas de Breker em mercadinhos de antiguidades.

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