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O presidente francês, Emmanuel Macron com Donald Trump: interesses em comum | LUDOVIC MARIN/AFP
O presidente francês, Emmanuel Macron com Donald Trump: interesses em comum| Foto: LUDOVIC MARIN/AFP

O presidente francês, Emmanuel Macron, poderá testar mais uma vez seu já famoso aperto de mão com o americano Donald Trump após sua chegada a Washington nesta segunda-feira (23) para sua viagem oficial aos EUA - a primeira visita de Estado de um líder estrangeiro desde a eleição do republicano em novembro de 2016.

Quando eles se cumprimentaram em maio de 2017, em Bruxelas, Macron prolongou o aperto de mão como uma mensagem política: recém-eleito, queria se mostrar firme. “Não foi inocente”, o francês disse em entrevista à época, após o vídeo de ambos forçando a mão impressionou os espectadores. “Foi um momento de verdade.”

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Agora, na capital americana, Macron tentará estreitar os laços entre a França e os Estados Unidos, exemplificados pelos ataques coordenados à Síria, mas também buscará convencer o americano a manter o acordo nuclear com o Irã - um desafio e tanto, e portanto uma importante vitória, caso o francês seja bem-sucedido em sua aposta.

Trump quer desfazer o acordo negociado por Obama, que previa a suspensão de algumas das sanções impostas ao Irã. Macron insiste em que ele mantenha o trato. Outra missão do presidente francês será convencer Trump a não desistir da luta contra a mudança climática.

Macron conta com inúmeras vantagens, incluindo um bom histórico na arena internacional. Ele recentemente participou na resolução de uma crise entre o Líbano e a Arábia Saudita, por exemplo, ao convidar o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, para visitar Paris oficialmente após ele ter sido supostamente impedido de deixar Riad.

Outra arma no arsenal de Macron é o poder de retórica - e o charme - com que convenceu a maior parte dos eleitores nas eleições de maio de 2017, quando foi eleito com 66% dos votos contra a nacionalista Marine Le Pen, da Frente Nacional.

Relação próxima

Após as eleições de Trump e de Macron, esperava-se que os dois presidentes fossem antagonistas no palco externo. Houve de fato atritos entre ambos, por exemplo quando Macron criticou a intenção americana de deixar o Acordo de Paris, firmado em 2015 para limitar o aquecimento global. Mas, salvo embates pontuais, Trump e Macron têm demonstrado publicamente nutrir uma relação algo próxima, no que se incluem seus telefonemas recentes para coordenar as ações na Síria.

Analistas creditam a proximidade deles à crença do presidente francês no pragmatismo, em uma linha realista. Pela tática, Macron tem sido apelidado de “encantador de Trump” (“Trump Whisperer”, na expressão em inglês). Em vez de brigar em público, os presidentes jantaram na Torre Eiffel. Nos EUA, Macron deve jantar com Trump em Mount Vermon, na Virgínia.

A visita de três dias também vai incluir uma passagem pelo Salão Oval da Casa Branca e um discurso ao Congresso - em inglês, como fez o ex-presidente Valéry Giscard d’Estaing, em 1976. Macron será acompanhado aos EUA pelos ministros Jean-Yves Le Drian (Assuntos Exteriores), Florence Parly (Forças Armadas) e Bruno Le Maire (Economia).

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Crises internas

Enquanto se projeta no exterior, uma das estratégias aliás que tem alimentado sua popularidade entre os franceses, Macron enfrenta uma série de crises internas. Entre os desafios está a recém-iniciada greve de ferroviários, emulando aquela que, em 1995, paralisou Paris e levou à renúncia do então primeiro-ministro conservador Alain Juppé.

Macron propõe uma série de reformas no país, desagradando parte da população e atraindo a ira dos sindicatos. Os setores atingidos incluem a educação, a aposentadoria e o trabalho. Parte das reformas vem na forma de decretos presidenciais e são aceleradas pela maioria parlamentar de Macron, levando a críticas contra o seu projeto de país.

O antecessor de Macron, o socialista François Hollande, chegou a um recorde de 4% de aprovação em seu mandato.

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