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Mulher confronta a polícia durante protesto contra a falta de comida, em Caracas, em 28 de dezembro de 2017. | FEDERICO PARRA/AFP
Mulher confronta a polícia durante protesto contra a falta de comida, em Caracas, em 28 de dezembro de 2017.| Foto: FEDERICO PARRA/AFP

O governo venezuelano anunciou neste domingo (31) um aumento de 40% no salário mínimo. A informação foi divulgada pelo ditador Nicolás Maduro durante seu discurso de Ano Novo transmitido pela TV. 

Ao lado de uma bandeira venezuelana, ele disse que o aumento vai ajudar os trabalhadores a sobreviverem a "guerra econômica" que os Estados Unidos fazem contra o país e vai servir para "proteger o direito à alimentação e o acesso a bens e serviços". 

O novo mínimo mensal no país será de 797.510 bolívares, equivalente a R$ 263 mil (sim, 263 mil reais) no câmbio oficial — mas que obviamente quase nunca é usado no país — e a míseros R$ 23 no câmbio negro, o qual a maioria dos venezuelanos usa para ter acesso a moedas estrangeiras. Ou seja, o salário mínimo da Venezuela vale um milésimo do que é oficialmente alardeado.

O valor poderá ser distribuído em dinheiro ou em cupons de alimentação. Não há garantias que a quantia seja suficiente para uma pessoa fazer três refeições por dia. 

“Propaganda negativa”

Maduro vem aumentando o salário mínimo como forma de recuperar a renda das famílias frente à inflação que atinge o país. 

Segundo a Congresso venezuelano, que é controlado pela oposição, a inflação entre janeiro e novembro de 2017 foi de 1.369% e a expectativa é que no total do ano ela supere os 2.000% -o governo não divulga uma taxa oficial. 

Economistas temem que o novo aumento do mínimo sirva para acelerar ainda mais a inflação. 

Os oposicionistas dizem que a recusa do ditador em mudar o modelo econômico do país, dependente do Estado e do dinheiro gerado pelo petróleo, vai servir apenas para piorar ainda mais crise no país, aumentando a pobreza da população. 

Em seu discurso deste domingo (31), porém, Maduro atacou a oposição pelas críticas e disse que a imprensa local e estrangeira faz uma "propaganda negativa" da Venezuela. 

Ele também afirmou que a moeda do país está sofrendo "ataques" e que a indústria petrolífera foi "sabotada". Ele não especificou quem seria o responsável por isso. 

Pernil 

Também neste domingo (31), uma mulher grávida teria sido morta com um tiro na cabeça por um militar enquanto esperava do lado de fora de uma base militar para comprar um pernil para a ceia de Ano Novo. 

Segundo o jornal venezuelano "El Universal", Alexandra Conopio, 18, foi ferida durante um protesto pela falta de pernil em frente a base da Guarda Nacional Bolivariana em Antímano, no oeste de Caracas. 

Os militares teriam atirado quando o grupo tentou entrar a força na base, disse a publicação, citando fontes policiais. O militar que disparou o tiro que acertou a mulher já foi detido. 

Além dela, que estava grávida de cinco meses, Luis Media, 20, também teria ficado ferido no quadril, mas ele não corre risco de vida. 

Já o padrasto de Conopía, Alexander Cisnero, negou que ela estivesse participando de um protesto e disse à agência de notícias AFP que a situação era pacífica. 

"Estávamos esperando desde as nove da noite [de sábado, 30], falando, conversando, e lá pelas três da manhã chegaram alguns guardas bêbados, nos mandando ir embora", relatou. 

O grupo se negou a deixar o local, houve discussões com os militares e dois deles começaram a disparar, afirmou Cisnero. 

A falta de pernil para a ceia de Ano Novo e do Natal gerou uma onda de protestos pelo país. Maduro chegou a prometer que o governo venderia a carne de porco subsidiada para a população, mas em diversas regiões o produto continuou em falta. 

A situação só melhorou depois que a Colômbia autorizou o enviou 50 toneladas de pernil para ajudar os venezuelanos.

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