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Presidente norte-americano Barack Obama em um gesto de desculpas em Hiroshima. | Jim Watson/AFP
Presidente norte-americano Barack Obama em um gesto de desculpas em Hiroshima.| Foto: Jim Watson/AFP

É possível escolher um futuro em que “Hiroshima e Nagasaki não sejam conhecidas pelo raiar da guerra atômica, mas por nosso próprio despertar”, disse o presidente Barack Obama ao encerrar seu discurso em Hiroshima, nesta sexta-feira (27).

“Pode ser que não consigamos eliminar a capacidade humana de provocar o mal. Então, as nações e alianças que formamos devem ter instrumentos para se defender. Mas, entre as nações, como a minha, que têm um estoque de armas nucleares, é preciso ter coragem para escapar da lógica do medo e perseguir um mundo sem elas”, disse.

Nesta sexta-feira (27), Obama se tornou o primeiro presidente americano em exercício a visitar Hiroshima após a cidade ter sido arrasada por uma bomba nuclear, lançada pelos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial.

Estima-se que mais de 200 mil pessoas tenham morrido nos dois bombardeios nucleares —em Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e em Nagasaki, três dias depois.

“A morte caiu do céu, e o mundo foi modificado. Um flash de luz e uma parede de fogo destruíram uma cidade e demonstraram que a humanidade possuía uma forma de destruir a si mesma”, resumiu Obama.

Em seu discurso no Memorial da Paz, o americano não se desculpou pelo uso das bombas (o que já era esperado), mas afirmou que o mundo tem a “responsabilidade compartilhada de olhar diretamente no olho da história e questionar o que deve ser feito para evitar um novo sofrimento como aquele”.

Obama defendeu a solução de conflitos pela via diplomática, deixando de lado a “capacidade de destruir”. “Não somos limitados pelo código genético a repetir os erros do passado, podemos aprender, escolher, contar a nossos filhos uma história diferente”, defendeu o americano.

Lições

Mais de uma vez, Obama defendeu que a humanidade é uma só, um dos motivos pelos quais ele fazia a visita à cidade. “Por isso viemos a Hiroshima, para que pensemos em quem amamos, no primeiro sorriso dos nossos filhos pela manhã, no toque do companheiro na mão na mesa da cozinha, no abraço reconfortante de um pai. Podemos pensar nisso e saber que esses mesmos momentos preciosos aconteceram aqui, há 71 anos. Os que morreram são como nós, pessoas comuns entendem isso, elas não querem mais guerra, prefeririam que as maravilhas da ciência focassem em melhorar a vida e não em eliminá-la”, argumentou o americano.

“Quando as escolhas feitas por nações e líderes refletirem essa simples sabedoria, a lição de Hiroshima estará feita.”

Em sua fala, Obama mencionou que as bombas atômicas também mataram “milhares de coreanos”. Isso pode amenizar o desconforto dos sul-coreanos com a visita, já que no país vizinho havia o temor que o Japão fosse colocado na posição de vítima, sem referências às agressões japonesas na região e ao fato de que coreanos empregados como escravos no Japão também morreram durante os bombardeios.

Já no final do discurso, Obama mencionou Nagasaki, que reclama de ser marginalizada nas discussões sobre a bomba atômica.

Amizade

Os governos de Washington e Tóquio têm esperança de que a visita de Obama aprofunde a aliança entre as nações e dê ânimo aos esforços para abolir as armas nucleares. Mesmo antes de ocorrer, a visita gerou debate, com críticos acusando ambos os lados de ter memória seletiva e apontando paradoxos na política nuclear.

Em seu discurso, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe disse que a presença de Obama em Hiroshima “abre um novo capítulo na reconciliação entre Estados Unidos e Japão”. Já o americano afirmou que os dois países “construíram não só uma aliança, mas uma amizade”. Depois de discursar, os governantes cumprimentaram sobreviventes do bombardeio atômico.

“Nós já conhecemos a agonia da guerra. Que, agora, nós possamos encontrar a coragem, juntos, para difundir a paz e perseguir um mundo sem armas nucleares”, escreveu Obama no livro de visitas do memorial de Hiroshima, segundo informou a Casa Branca.

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