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Todos nós precisamos de um tempo longe das telas, e não apenas para descansar nossos olhos. Esse momento de folga possibilita o pensamento criativo.

Os brinquedos presentes nas mesas de trabalho de executivos são, para alguns, uma distração produtiva: bolas Magic 8, contendo mensagens crípticas; minijardins zen, com ancinhos em miniatura; pêndulos de Newton, com bolas metálicas penduradas que batem uma na outra.

Objetos como esses promovem o diálogo e aliviam o estresse, diz Adrienne Appell, da Associação da Indústria de Brinquedos, sendo úteis na era digital.

“Com os horários de trabalho longos de hoje, as telas múltiplas e os aparelhos múltiplos, torna-se ainda mais importante que as pessoas se permitam um momento de descontração”, disse ao jornal “The New York Times”.

Scott G. Eberle, vice-presidente de estudos lúdicos do museu Strong, em Rochester, Nova York, disse que brinquedos na mesa de trabalho podem induzir um estado meditativo. Ele já escreveu sobre temas como o devaneio e enxerga valor criativo em objetos como o pêndulo de Newton, dizendo que eles podem propiciar uma sensação de desapego ou distanciamento.

“O ideal é a pessoa buscar um estado em que sua mente esteja off-line”, disse, acrescentando que lâmpadas de lava e aquários de peixes também funcionam bem.

Matthew B. Crawford escreveu que está cada vez mais difícil ficar off-line porque grande parte do espaço público foi ocupada por anunciantes. “Nesse processo, sacrificamos o silêncio —a condição em que ninguém se dirige a nós”, escreveu.

“Do mesmo modo que o ar limpo possibilita a respiração, o silêncio possibilita o pensamento.”

Crawford observou que hoje as bandejas em que os passageiros colocam seus objetos pessoais em aeroportos para passarem pelo raio-X são cobertas de anúncios. Ele diz que se irritou ao ver todas as cores de batom vendidas pela L’Oréal quando colocou um pendrive na bandeja.

Todo esse barulho, argumentou, acaba com os momentos de silêncio que antes desfrutávamos em viagens, momentos que contribuem para a criatividade e a inovação. Hoje o silêncio é promovido como artigo de luxo.

“Na sala VIP do aeroporto Charles de Gaulle, ouvi apenas o som ocasional de uma colher encostando em uma xícara de louça”, escreveu.

“Não vi anúncios nas paredes. É esse silêncio, mais que qualquer outra coisa, que torna aquele espaço genuinamente luxuoso.”

Os músculos de sua nuca se descontraíram, e depois de apenas 20 minutos ele se sentiu revitalizado.

Teddy Wayne escreveu que hoje em dia não temos muitas oportunidades para relaxar, graças ao ICYMI (a sigla indica “caso você tenha deixado passar”, em inglês).

Alertas on-line e do Twitter aparecem a cada poucos segundos para chamar a atenção das pessoas para links que elas possam ter deixado passar despercebidos. A mídia noticiosa transmite informações 24 horas por dia, temporadas inteiras de seriados de TV são lançados de uma só vez, e a maioria dos filmes está disponível a qualquer momento. É impossível manter-se a par.

Mas, como é possível acessar tudo isso a qualquer hora, as pessoas “não têm desculpas para deixar passar qualquer coisa e são compelidas a ficar a par de tudo”, escreveu Wayne.

Manoush Zomorodi, apresentadora de um programa de rádio de Nova York chamado “New Tech City”, que discute como a tecnologia afeta nossas vidas, se queixa de uma coisa: que não se sente entediada há sete anos.

Ela diz que isso começou com seu primeiro iPhone, em 2007.

Zomodi, 41, lançou o projeto “Entediado e Brilhante”, pedindo a participantes que evitem seus aparelhos e abracem o ócio, na esperança de que a mente que devaneia seja mais criativa.

É claro que existe um aplicativo para isso.

“Estamos tentando abraçar o aspecto ridículo disso”, disse.TOM BRADY

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