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Pescador de lagostas trabalhando, em 2012; pesca desse crustáceo bate recordes no Maine, ao contrário do que acontece mais ao sul. | Robert F Bukaty/AP
Pescador de lagostas trabalhando, em 2012; pesca desse crustáceo bate recordes no Maine, ao contrário do que acontece mais ao sul.| Foto: Robert F Bukaty/AP

No Maine, as lagostas estão se proliferando e propiciando recordes para os pescadores desse crustáceo.

Mais ao sul, a história é diferente. No sul da Nova Inglaterra, a população de lagostas caiu ao menor nível já registrado, deixando muitos pescadores de lagosta sem emprego.

As populações de lagosta sobem e descem ao mesmo tempo por muitas razões. Mas, em um novo relatório, a Comissão de Pesca Marítima dos Estados do Atlântico destacou um fator: o aquecimento do oceano.

No extremo norte do habitat das lagostas, as temperaturas mais elevadas podem estar acelerando o seu metabolismo, levando ao crescimento populacional. Mas, no extremo sul dessa área, as águas podem estar ficando quentes demais para a vida desses animais.

As lagostas da Nova Inglaterra são parte de uma tendência planetária. Os oceanos têm se aquecido nas últimas décadas, em grande parte por causa dos gases do efeito estufa, que retêm o calor. Muitas espécies marítimas mundo afora reagem se deslocando para águas mais confortáveis.

Segundo um estudo de 2013, as espécies marinhas estão expandindo sua abrangência na direção dos polos, afastando-se da linha do equador, a uma velocidade média de 7,25 km por ano. Isso é dez vezes a velocidade com que espécies terrestres estão se deslocando.

Os cientistas estão desenvolvendo modelos informatizados para descobrir onde várias espécies irão parar, e o retrato que está surgindo é desolador.

O aquecimento global irá embaralhar os ecossistemas oceânicos numa escala inédita nos últimos milhões de anos. Os oceanógrafos ainda não sabem dizer como serão esses novos habitats.

“Se você colocar um monte de espécies num liquidificador, não terá certeza absoluta do que sairá de lá”, disse o biólogo marinho Malin Pinsky, da Universidade Rutgers, em Nova Jersey.

Uma equipe científica internacional relatou na revista “Nature Climate Change” seu estudo sobre as áreas de abrangência atuais de aproximadamente 13 mil espécies de peixes, invertebrados e outros organismos marinhos.

Eles observaram que os trópicos tendem a perder uma fração considerável das suas espécies até 2100. E não haverá novas espécies migrando para os trópicos de modo a substituí-las.

À medida que mais espécies se distanciam do equador, elas passam a entrar em novos ecossistemas mais próximos dos polos. Essa migração produzirá combinações de espécies sem precedentes nos últimos milhões de anos.

É difícil prever quais serão as consequências do afluxo de espécies adicionais a esses ecossistemas oceânicos em latitudes altas.

Pinsky vê sinais ameaçadores para a humanidade.

“Muitas espécies estão se afastando dos trópicos, e isso muito provavelmente terá implicações em termos de segurança alimentar”, disse ele. “Em muitos desses países, peixes e frutos do mar são uma importantíssima fonte de nutrição. A mudança climática poderia abrir uma lacuna nos oceanos.”

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