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 | Christopher Stark /
| Foto: Christopher Stark /

Desde que a Siri passou a fazer parte do iPhone, certas crianças – e, vamos falar a verdade, alguns pais também – passam horas papeando com a assistente virtual, curiosas para saber detalhes de sua história. Siri, onde você mora? Siri, você tem namorado? Siri, quantos anos você tem?

“Se você tem até dez anos hoje em dia, conversar com o celular é uma realidade perfeitamente normal”, afirmou recentemente Oren Jacob, CEO da ToyTalk, empresa que cria personagens falantes para crianças, na sede da empresa, em San Francisco.

Fundada em 2011, a ToyTalk já produz aplicativos animados populares que encorajam os mais novinhos a engatar conversas complexas com personagens imaginários. Ainda este ano a Mattel pretende lançar a Hello Barbie, uma versão Wi-Fi da famosa boneca que usa o sistema da companhia para analisar o discurso da criança e gerar respostas relevantes. “Ela é um clássico, com um histórico impressionante. Vamos torcer para que, quando estiver pronta, tenha milhares de coisas para contar e possa papear durante horas”, diz Jacob.

Porém, a tecnologia, originalmente criada para a tela do celular, já gera polêmica. O Campaign for a Commercial-Free Childhood (“Campanha para uma Infância Livre de Comerciais”), grupo de defesa de Boston, pediu ao fabricante que não lançasse a versão falante da boneca, alegando que as gravações de voz seriam como “escutar atrás da porta” e poderiam ser usadas para explorar os sentimentos mais íntimos da criança.

“Vai ser uma daquelas bonecas de dar medo que grava o que se passa na sua casa sem ninguém saber? O que fica registrado? Quanto tempo isso fica armazenado? Com quem pode ser compartilhado?”, questiona Nicole A. Ozer, da União Americana de Liberdades Civis do Norte da Califórnia.

“Pode ser uma iniciativa revolucionária para facilitar o aprendizado infantil”, especula Sandra L. Calvert, diretora do Centro Infantil de Mídia Digital da Universidade Georgetown, mas acrescenta: “O impacto do brinquedo vai depender muito da capacidade de conversa da criança. Ele é bom apenas enquanto programador”.

Jacob, que já foi diretor de tecnologia dos Estúdios Pixar, fundou a ToyTalk com um antigo colega, Martin Reddy. A empresa criou um processo de privacidade para dar aos pais controle sobre as informações pessoais da criança; assim, os menores de treze anos só poderão bater papo com a boneca se seus pais derem permissão e confirmá-la via e-mail. Eles também terão acesso às conversas gravadas e poderão deletá-las.

“Todo mundo envolvido nesse projeto tem consciência do cuidado com que esse conteúdo deve ser manipulado. Com uma tecnologia tão avançada, é preciso ter atenção redobrada”, conclui Michael Shore, chefe do atendimento ao consumidor da Mattel, sobre a Hello Barbie.

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