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 | Stephen Savage/The New York Times
| Foto: Stephen Savage/The New York Times

Toda novidade tecnológica é incrível, e toda tecnologia nova traz seus próprios horrores. E assim é com um pequeno “recurso” de e-mail que não podemos viver sem, mesmo que já tenha causado um momento de pânico a quase todo mundo que envia SMS ou e-mail. Estou falando do autocompletar.

Ele muitas vezes é confundido com a autocorreção. Eis a diferença: o autocompletar preenche nomes e informações com base em apenas algumas teclas; a autocorreção faz a mesma coisa, mas também corrige (e adivinha) a escrita no corpo da mensagem.

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Por exemplo, se quero mandar uma mensagem para minha editora Didi Gluck, digito ‘Didi’ em um e-mail e o autocompletar me dá o resto; se estou escrevendo o nome dela em um texto para alguém, bem, outras coisas podem acontecer. “Você sabia que ‘Didi’ é corrigido para ‘dildo’ (vibrador)? Pois é, eu sei”, Didi me disse, alegremente.

Em alguns aspectos, o preenchimento automático pode ser a função mais problemática, que acaba gerando mal-entendidos não apenas semânticos, mas toda a informação acaba sendo enviada para as pessoas erradas. Segredos são revelados, sentimentos mesquinhos são descobertos, palavras (e fotos) ‘proibidas’ acabam na caixa de e-mail do seu chefe em vez da de seu amante. E ninguém está protegido.

Há vários meses, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, se queixou em um e-mail para alguns membros da equipe que tomar o metrô como se fosse um “homem do povo” para ir a um evento o fez chegar atrasado. Ele erroneamente incluiu o endereço de e-mail de Michael Powell, um repórter do New York Times. O resultado? Um incômodo artigo sobre os atrasos crônicos do prefeito.

Deslizes como esses nos lembram que Sigourney Weaver — não, espera, quer dizer Sigmund Freud — está vivo e bem em nossos teclados. Considere com que frequência enviamos e-mails para exatamente a pessoa que nunca deveria recebê-los. Você envia a declaração de imposto de renda anual para um velho inimigo que tem o nome parecido com o do seu contador; quando quer contar aos amigos que precisa de um novo emprego inclui seu chefe na lista de recipientes da mensagem.

Para Britt Kazmac, professora de Nova York, ocorreu o conhecido desastre da mensagem erótica. “Achei que estava mandando um ‘sexting’ para o meu marido”, ela disse de seu agora ex-marido, “e ele estava se fazendo de tímido, respondendo com textos como, ‘Por que você está enviando isso para mim?’ Então eu olhei mais atentamente e percebi que estava enviando o texto para a babá da minha filha, uma cristã carismática.”

Britt acredita que tem um dom para este tipo de confusão. “Depois de um terceiro encontro ruim com um cara, escrevi para minha melhor amiga, Donna: ‘Desperdicei uma depilação. Pior sexo que já tive’.” Teria sido bom se a melhor amiga tivesse recebido a mensagem, que acabou indo para a outra Donna de sua lista de endereços: a professora de mestrado.

Ou o caso de David Hirshey, editor da HarperCollins. Ele havia pago US$1 milhão por um livro de memórias de uma celebridade cuja agente interferia constantemente. Em um momento de raiva, ele enviou um e-mail a seus colegas, com o título: “Algumas Palavras Sábias da Agente sem Cérebro”. Um de seus colegas e a dita agente compartilham o mesmo sobrenome incomum e adivinha quem acabou recebendo o e-mail?

“Dois minutos depois que enviei a mensagem, meu telefone tocou e ouvi a pessoa do outro lado dizer: ‘por favor aguarde a agente sem cérebro’. Nem preciso dizer que a mulher não gostou muito do que leu e transformou o resto do processo de publicação em um inferno para mim.”

Mesmo assim, pode haver um lado positivo nessas trocas inadvertidas. Uma das minhas melhores amigas e eu tivemos um grande desentendimento há vários anos. Há algumas semanas, quando ia enviar um e-mail para um grupo de pessoas convidando para uma reunião, acabei incluído por engano o endereço dela. Ela respondeu, dizendo que embora soubesse que não deveria estar incluída nesse grupo, estava feliz por eu ter cometido esse erro porque sentia falta de mim.Depois de cinco anos afastadas, vamos nos ver na semana que vem. Amo meu autocompletar.

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