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Lâmpadas mais amareladas, cuja luz tem comprimento de onda mais longo, interferem menos nos neurônios. | Damon Winter/The New York Times
Lâmpadas mais amareladas, cuja luz tem comprimento de onda mais longo, interferem menos nos neurônios.| Foto: Damon Winter/The New York Times

Como muitas mães de primeira viagem, Tracy Mizraki Kraft, da Califórnia, estava preocupada com o sono de seu bebê recém-nascido. Então ela prestou atenção quando seu médico lhe deu uma lâmpada dizendo que ela seria útil para seu filho dormir bem.

Aparentemente, a pequena lâmpada, chamada Sleepy Baby, funcionou, disse Kraft, criando uma atmosfera relaxante para Leo, agora com 16 meses, quando era posto para dormir.

A lâmpada integra uma revolução tecnológica que está chegando a lares, escritórios, hotéis e escolas. Esse novo tipo de iluminação foi projetado para combater os efeitos nocivos da luz artificial e pode ajudar a regular o sono, a vivacidade e até o humor.

“A iluminação deixou de ser algo pendente do teto”, comentou Mariana Figueiro, que chefia a pesquisa sobre luz e saúde no Centro de Pesquisas sobre Iluminação do Instituto Politécnico Rensselaer. “Hoje em dia, a meta é criar tratamentos de luz específicos para cada pessoa.”

Cientistas sabem há anos que níveis e cores diferentes de luz podem ter efeitos biológicos importantes sobre as pessoas. No entanto, esse conceito só era aplicado a lâmpadas caríssimas —com preço de até US$ 300 mil— para usos especiais, como simular o ciclo de 24 horas para astronautas ou tratar icterícia em recém-nascidos.

Agora, com a sofisticação e o barateamento das tecnologias de iluminação, a exemplo dos LEDs, empresas estão desenvolvendo a chamada iluminação biológica para uso cotidiano.

O Lighting Science Group, que produz a Sleepy Baby, está entre as empresas direcionadas ao mercado crescente de produtos de iluminação voltados ao repouso ou ao estado de alerta. Outras são General Electric, Philips, Digital Lumens e LumiFi.

Algumas empresas também estão pesquisando aplicações da iluminação para a saúde, disse Milos Todorovic, que lidera pesquisas bioeletrônicas na Lux Research. Entre elas estão mudar o humor das pessoas e afetar processos físicos internos, disse ele, incluindo aumentar a produção de colágeno para sarar ferimentos.

As novas lâmpadas são projetadas para regular as necessidades corporais básicas de repousar e acordar, por meio de estímulos para os receptores nos olhos.

Quando expostos a luz com comprimento curto de onda, a extremidade azul do espectro, esses receptores suprimem a liberação do hormônio melatonina que induz o sono. Como a luz artificial branca, especialmente os LEDs usados em lâmpadas e telas iluminadas, geralmente têm muito azul, a exposição noturna tende a aumentar o estado de alerta.

“Somente nos últimos 50 anos, a quantidade de luz artificial usada per capita aumentou dez vezes”, informou Charles A. Czeisler, chefe da Divisão do Sono e de Distúrbios Circadianos no Brigham and Women’s Hospital em Boston. “Então tudo fica muito mais radiante desde o nascer do Sol até quando vamos dormir.”

Isso retarda o relógio interno do corpo entre três e cinco horas, acrescentou ele. Em consequência, as pessoas vão para a cama mais tarde, mas “ainda tentam acordar com as galinhas”.

Usar lâmpadas à noite que emitem luz com comprimento mais longo de onda, a qual é mais amarelada, pode ajudar a deter esse ciclo, disse ele.

Há dois anos, a Philips lançou a Hue, lâmpada acionada por wi-fi e compatível com sistemas da Apple, que oferece “receitas de luz” que induzem a acordar e a se desligar das preocupações.

Um kit da Hue, que inclui três lâmpadas e um dispositivo a ser inserido em um roteador de wi-fi, custa cerca de US$ 200, ao passo que lâmpadas unitárias custam por volta de US$ 60.

A linha de produtos Align da General Electric oferece iluminação automatizada conforme o ciclo natural do sono. As lâmpadas Align AM e PM custam aproximadamente US$ 25 e US$ 20 cada uma.

O Lighting Science Group vende sua lâmpada Good Night por cerca de US$ 60, enquanto a lâmpada Awake and Alert sai por aproximadamente US$ 70.

Com a Sleepy Baby, que custa cerca de US$ 30, a empresa pode ter encontrado consumidores ideais: pais desesperados para que seus bebês durmam bem.

“Uma mãe inexperiente está disposta a tentar qualquer coisa que ajude a fazer seu bebê dormir”, comentou Mizraki Kraft. “Acima de tudo pela minha própria sanidade, eu sabia que era crucial que meu filho dormisse cedo e a noite inteira.”

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