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Para quem já foi corrigido por um espertinho de sete anos de idade — “Não existe brontossauro. O nome é apatossauro” —, é hora da vingança.

“Temos boas evidências agora para a ressurreição do nome brontossauro”, disse Emanuel Tschopp, paleontólogo da Universidade Nova de Lisboa.

Ele se referia a um estudo de cerca de 80 fósseis de um grupo de gigantes de pescoço longo chamado Diplodocidae. Esses herbívoros atingiam um tamanho de mais de 30 metros, pesavam milhares de quilos e acredita-se que podiam usar sua cauda longa como chicotes, criando enormes estrondos para afugentar predadores.

O nome brontossauro foi usado pela primeira vez no final do século 19 para descrever os fósseis de um dinossauro que agora estão expostos no Museu Peabody de Yale, em Connecticut, mas em 1905 ele havia sido reclassificado como apatossauro, pois era muito semelhante a outro dinossauro saurópode de mesmo nome.

Tschopp e seus colegas Octávio Mateus, da Universidade Nova, e Roger B. J. Benson, da Universidade de Oxford, decidiram que, apesar de o brontossauro e o apatossauro serem semelhantes, há dois gêneros diferentes.

Eles disseram que o espécime de Yale é realmente um brontossauro, assim como exemplares de vários outros museus.

Seu trabalho, lançado on-line na periódico PeerJ, com todas as suas quase 300 páginas disponíveis a qualquer um, não será a última palavra sobre se o nome brontossauro deve voltar ao uso científico. Nomes de espécies e gêneros dependem da opinião de especialistas. Não há nenhum grupo oficial, nacional ou internacional, que decide se um nome de dinossauro está certo ou não.

“O interessante para mim é que o brontossauro e o apatossauro são extremamente próximos. Há muita informação nova sobre o assunto, mas a discussão vai continuar”, disse Matthew T. Carrano, curador no Museu Nacional de História do Natural do Instituto Smithsonian.

Tschopp e seus colegas examinaram 477 traços que podem ser identificados nos ossos fossilizados e depois os analisaram para procurar diferenças.

Benson disse que estabeleceu um padrão com base nas diferenças entre duas espécies conhecidas de dinossauros de pescoço longo semelhantes, o diplodoco e o barossauro. “O brontossauro é tão diferente do apatossauro quanto o diplodoco é do barossauro”, ele disse.

A maior parte das diferenças é visível apenas para os anatomistas, disse Tschopp.

Um exemplo elucidativo, segundo ele é que “o apatossauro tem um pescoço relativamente mais largo que o do brontossauro”. Porém, é o número de diferenças que importa, disse.

Esse jogo de nomes não é jogado apenas pelos cientistas. Existem armadilhas também para pais e crianças que fazem suas visitas obrigatórias aos museus. O apatossauro exposto no Museu Americano de História Natural de Nova York ainda é provavelmente um apatossauro, disse Tschopp.

No final, distinguir um do outro pode ser muito complicado para os pais. Então, as crianças de sete anos continuam a ter razão.

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