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Serena Renier costura livro na prestigiosa Editora Zanardi, que hoje é gerida por seus funcionários | Marco Gualazzini /The New York Times
Serena Renier costura livro na prestigiosa Editora Zanardi, que hoje é gerida por seus funcionários| Foto: Marco Gualazzini /The New York Times

A impressão de alta qualidade é um trabalho artesanal na Itália, com a colagem e a encadernação feitas predominantemente a mão.

Na Editoriale Zanardi, uma prestigiosa gráfica especializada na impressão de livros, até a administração foi assumida pelos funcionários em 2014, quando eles compraram a empresa na qual trabalhavam há anos.

A Zanardi é uma das dezenas de pequenas e médias empresas da Itália que foram gravemente afetadas pela crise econômica, mas cujos funcionários confiavam nelas o suficiente para investir suas multas demissionais e seu trabalho para montar cooperativas e voltar a produzir.

Esse tipo de iniciativa para enfrentar as dificuldades econômicas está se tornando comum não só na Itália, como também na Espanha e na França, países que se orgulham de manter pequenos negócios, frequentemente de gestão familiar.

No início da crise da dívida da Europa em 2008, a Zanardi, que foi fundada nos anos 1960 em Pádua, tinha cerca de 180 funcionários. Em 2012 esse número foi reduzido para 105, devido a uma série de más decisões administrativas. As consequências desse enxugamento fizeram a empresa acumular dívidas.

Um dos dois proprietários cometeu suicídio na gráfica. “Eu resolvi não desistir e pus toda a minha alma aqui”, disse Solimano Dal Corso, gerente de produção de 42 anos do que agora é uma cooperativa.

“Nós ficamos muito flexíveis, aceitamos ganhar menos e nos tornamos empresários.”

Mario Grillo, ex-consultor de negócios da empresa, decidiu investir na cooperativa por ser apaixonado pelos livros que a Zanardi produzia.

“Todos os concorrentes queriam a marca e os clientes”, acrescentou ele. “Nenhum queria os funcionários, mas eu sempre acreditei que eles eram essenciais para produzir esses livros.”

A Zanardi tinha uma participação de cerca de 30% no mercado global de livros de arte de prestígio. A empresa inventou e patenteou a encadernação Octavius, que permite edições customizadas, como os 20 mil exemplares da coleção de livros de James Bond e a edição limitada de “Goldfinger” —300 livros com capa de couro e ouro em pó.

Os funcionários da Zanardi pediram ajuda à Coopfond, uma instituição que financiou mais de 40 cooperativas desde 2008.

“Geralmente é um desafio que exige muito esforço, pois muitas vezes essas cooperativas têm origem em empresas que faliram ou estão passando por uma crise econômica muito grave”, comentou Aldo Soldi, diretor-geral da Coopfond.

Agora, a cooperativa quer conquistar um terço de sua participação anterior de mercado, embora tenha apenas um quarto do capital social e dos funcionários.

Eles trabalham em turnos especiais, de acordo com as necessidades da empresa.

“A cultura laboral é a riqueza da Itália e deveria ser promovida e preservada”, disse Grillo, observando seus colegas que trabalhavam nas máquinas da cooperativa. “Quando as pessoas se empenham para valer, a China deixa de ser um concorrente forte. Os artesãos italianos ainda podem fazer a diferença.”

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