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O Brasil está ansioso para acabar com o déficit orçamentário, que ainda é de 7,5 por cento de seu produto interno bruto. Um manifestante protesta em abril | Yasuyoshi Chiba /AFP/Getty Images
O Brasil está ansioso para acabar com o déficit orçamentário, que ainda é de 7,5 por cento de seu produto interno bruto. Um manifestante protesta em abril| Foto: Yasuyoshi Chiba /AFP/Getty Images

Seis meses atrás, ações e títulos das empresas brasileiras estavam praticamente à beira da morte. O Brasil se afundava cada vez mais em uma recessão. Sua moeda, o real, vacilava. E a maior empresa do país, a Petrobras, gigante de energia controlada pelo governo, virou o foco de um escândalo de corrupção que envolveu políticos e enfraqueceu o governo da presidente Dilma Rousseff.

Embora o Brasil ainda esteja se recuperando de suas doenças econômicas, as mais importantes companhias do país estão atraindo investidores novamente. A presidente Dilma Rousseff tomou medidas para cortar o déficit no orçamento. E a Petrobras vendeu 2,5 bilhões de dólares em títulos com prazo de vencimento de 100 anos.

Mas os obstáculos permanecem. Os investidores perderam bilhões em empresas que estão sob investigação por causa de possíveis violações das leis de valores mobiliários. O real desvalorizou cerca de 40 por cento em relação ao dólar no último ano, aumentando as perdas dos investidores estrangeiros. A inflação ainda está acima de 8 por cento. E, se os esforços do governo em estabilizar as dívidas da nação não derem certo, o medo de um rebaixamento na classificação de risco pode fazer com que a moeda caia ainda mais.

Mas algumas empresas estão explorando os mercados públicos. Sob nova administração desde fevereiro, a Petrobras — a mais endividada companhia de energia do mundo, com cerca de 130 bilhões de dólares em dívidas — mexeu-se rapidamente para refazer estoques de caixa. Nos últimos dois meses, conseguiu mais de 11 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China, do Banco Standard Charterd e de três bancos brasileiros.

No começo de maio, a subsidiária brasileira da gigante espanhola de telecomunicações Telefônica emitiu um novo lote de ações e levantou 1,4 bilhão de dólares para ajudar a financiar a compra da unidade de telecomunicações Vivendi Brasil. Uma corretora de seguros local, a Par Corretora, acabou de realizar sua oferta pública inicial de ações, tornando-se a primeira empresa brasileira a fazer isso em cerca de oito meses. Conseguiu apenas 190 milhões de dólares, mas excedeu o limite superior de sua meta.

“O sucesso das ofertas recentes mostra que há uma demanda para nomes de qualidade”, explica Jean-Marc Etlin, do banco de investimentos brasileiro Itaú BBA.

Novas transações devem acontecer. Espera-se que a companhia de resseguros IRB-Brasil também anuncie sua oferta pública inicial, com o objetivo conseguir 1,3 bilhões.

O governo tem interesse em ajudar a melhorar o mercado de capitais. As divisões de seguros do IRB e da Caixa Econômica Federal são parcialmente do governo, que anda ansioso para levantar dinheiro para fechar seu imenso déficit orçamentário. A dívida do Brasil está em 7,5 por cento de seu produto interno bruto; em contraste, o déficit da Grécia ficou em 3,5 por cento no ano passado.

“O governo, por causa de sua necessidade de dinheiro, vai provavelmente ser agressivo na hora de abrir o capital das empresas que possui”, diz a analista Eliana Chimenti.

Espera-se uma arrecadação de cerca de quatro bilhões de dólares com a venda de reservas de petróleo na costa.

“As incertezas diminuíram o suficiente para que os investidores possam ver as oportunidades”, afirma Renato Ejnisman, chefe do Banco Bradesco BBI. “Existem bons nomes disponíveis a preços muito razoáveis.”

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