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Homens fortes trabalhando em Fatehpur Beri na região de Deli. Muitos são seguranças em clubes locais | Kuni Takahashi/The New York Times
Homens fortes trabalhando em Fatehpur Beri na região de Deli. Muitos são seguranças em clubes locais| Foto: Kuni Takahashi/The New York Times

Em uma boate esfumaçada no shopping center Sahara, os habitantes da nova Índia — representantes de vendas, desenvolvedores de software, atendentes de call center — dançam despreocupadamente, levantando os braços. No meio do barulho, quase não dá para ver os seis homens musculosos assistindo a tudo dos cantos.

Todos os leões de chácara têm tórax e bíceps que se parecem com para-choques de caminhonetes. E se você achar que eles parecem primos, é porque são. Eles têm o mesmo sobrenome, Tanwar, e quando as boates fecham muitos voltam para a mesma aldeia nas proximidades.

Há poucos lugares na Índia onde períodos históricos se entrechocam tão vigorosamente quanto nos arredores de Deli. Os fortões da aldeia de Fatehpur Beri são os descendentes dos habitantes originais da cidadezinha, uma linha genética que se fortaleceu ao longo dos séculos na defesa contra as ondas de invasores que seguiam para o centro do império. Membros de um subgrupo de casta Gujjar, filhos e netos de pastores de vacas e de cabras, eles nasceram em uma área cercada de terra fértil por todos os lados. Mesmo quando a aldeia começou a ser engolida pela cidade em expansão, seus fortes defensores continuaram a treinar da maneira tradicional, trajando apenas tangas e praticando luta livre na lama.

“Há um elemento guerreiro nos Tanwars”, disse Ankur Tanwar, que abriu a primeira academia da aldeia há cerca de dez anos. “Enfrentamos os invasores muçulmanos. Lutamos com os britânicos. Nunca pensamos que acabaríamos trabalhando em bares.”

O homem que diz ter levado os Tanwars para o ramo de segurança é Vijay Tanwar — conhecido como Vijay Pehalwan, ou Vijay, o lutador. Quando garoto, foi aluno do técnico de luta da aldeia, que impunha a seus pupilos uma dieta vegetariana altamente proteica que incluia frutas secas, manteiga clarificada e muito leite fresco. Em 1996, o dono de um restaurante abordou Tanwar pedindo “jovens fortes” para guardar a porta. Os clubes noturnos foram um acena particularmente chocante para os homens de uma aldeia como Fatehpur Beri, um lugar tão conservador que uma mulher não sai de casa sem a permissão do seu marido ou da sogra.

“O começo foi bem difícil para a gente — essa nova tradição de tomar álcool, a comida não vegetariana e as meninas”, ele disse.

Os seguranças são famosos por sua disciplina. “Tem um lance na genética deles”, disse Bishar Singh, de 29 anos, que trabalha em um clube chamado Prison. “Eles não bebem e não fumam.”

A empresa de Vijay Tanwar tem um contingente de cerca de 50 fortões trabalhando em restaurantes, hotéis, hospitais e para políticos nas eleições. Segundo ele, o mercado está sempre crescendo. “Quando aumenta o dinheiro, o crime aumenta. E quando o crime aumenta, nosso negócio aumenta.”

Contribuiu Hari Kumar

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