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Quando Stellah Vardling em Kampala, Uganda, estava se preparando para sua festa de aniversário, mandou um torpedo para a irmã na Suécia, que rapidamente lhe enviou dinheiro através do smartphone.

“É uma questão de minutos”, diz Stellah, que recebe pelo menos duas transferências todo mês da família, que está na Suécia, para ajudá-la a pagar pela comida, roupa e outras necessidades básicas.

Empresas como a Western Union oferecem transferências internacionais há décadas, mas várias startups de tecnologia e empresas tradicionais de telecomunicações estão reduzindo as barreiras — e os custos — de mandar dinheiro para fora.

“A remessa internacional é o produto financeiro que mais cresce no celular e já começa a afetar nomes tradicionais do setor”, afirma Seema Desai, diretor do setor de transferências por telefone da GSMA, entidade que representa as empresas de telecomunicações do mundo, que fica em Londres.

Segundo o Banco Mundial, o setor será avaliado em quase US$600 bilhões este ano. Isso porque as novas tecnologias ajudaram a cortar os custos do processo pela metade: para enviar US$100, a taxa agora é de cerca de US$4, como informa a GSMA.

Basta a pessoa se conectar ao serviço on-line através do computador ou, o que é cada vez mais comum, do smartphone, e dar os detalhes da conta bancária. Para enviar o dinheiro, é só preciso informar o número do celular de quem vai receber a quantia, fornecer uma senha e confirmar a transação, o que leva apenas algumas horas, ao contrário da transferência normal, que demora vários dias. Ao receptor é enviado um torpedo quando o dinheiro estiver disponível, que também pode ser creditado em uma conta vinculada ao telefone.

Esse tipo de pagamento não pegou em muitos países do Ocidente; no entanto, o “dinheiro móvel” já faz parte do dia a dia dos países em desenvolvimento. Com acesso limitado a contas bancárias tradicionais, a população se volta para serviços como o M-Pesa, da Vodafone, gigante europeia das telecomunicações, como a maneira mais prática de comprar e enviar dinheiro para amigos e familiares.

Ismail Ahmed, ex-especialista em remessa da ONU, abriu a WorldRemit em Londres, em 2010. A empresa permite a transferência digital de dinheiro de mais de 50 países e o recebimento em 115. E já garantiu US$140 milhões em fundos, embora esteja avaliada em aproximadamente US$500 milhões.

“Queremos que as pessoas enviem dinheiro como mandam torpedos. Desde o início queria fazer com que o envio e recebimento de valores fossem praticamente todos digitais”, diz ele.

A maioria das companhias de transferência on-line exige que o dinheiro seja enviado a partir de contas bancárias que já são muito taxadas. As operadoras de celular também coletam grandes volumes de dados dos usuários que fazem uso de seus serviços — e uma vez que todas as transações são processadas digitalmente, há um registro detalhado de onde o dinheiro saiu e para quem é enviado.

Segundo Ahmed os clientes da empresa — milhares de pessoas fazem remessas através de sua plataforma todos os meses — estão rapidamente substituindo as transferências pelo “dinheiro móvel”.

Quando a companhia começou a operar, os valores tinham que ser retirados pessoalmente; agora, essas transações representam apenas um terço do movimento total da WorldRemit. Em muitos países, como Zimbábue e as Filipinas, cerca de 75 por cento das pessoas hoje recebem os valores diretamente no celular.

“No fim do ano passado, vinte por cento de todas as transferências de dinheiro móvel foram feitas através da WorldRemit. É o nosso setor que mais cresce”, conta Ahmed.

As operadoras de telecomunicações também estão introduzindo programas próprios de remessa internacional. Na África Oriental, a MTN local e a Vodafone recentemente fecharam um acordo para permitir que seus clientes façam transferências através do celular.

Orange, a gigante francesa das telecomunicações, também oferece o serviço de remessa através do celular para vários países da África Ocidental e planeja estender o serviço no território nacional, devido ao grande número de imigrantes, até o início do ano que vem.

“Estamos suprindo uma necessidade básica, ou seja, as pessoas querem e precisam transferir dinheiro instantaneamente”, explica Laurent Paillassot, responsável pelos serviços bancários móveis em Paris.

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