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Planta da cannabis pronta para colheita  | MIGUEL MEDINAAFP
Planta da cannabis pronta para colheita | Foto: MIGUEL MEDINAAFP

Na semana passada, dois estudos chegaram a conclusões aparentemente opostas sobre o uso crescente do consumo de maconha estar causando um aumento nos acidentes com automóveis em estados que legalizaram a droga nos Estados Unidos.

O primeiro foi realizado pelo Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária (IIHS), e analisou o acionamento de seguros para colisões de veículos arquivadas entre janeiro de 2012 e outubro de 2016. Os pesquisadores do IIHS compararam solicitações em estados que legalizaram recentemente a maconha (Colorado, Washington e Oregon) com estados vizinhos que não tinham legalizado a substância.

Eles descobriram que, durante esse período de tempo, os requerimentos de seguro nos estados que legalizaram a maconha eram cerca de 3% maiores em comparação aos sem legalização. Os pesquisadores caracterizaram esse número como pequeno, mas significativo. O número de sinistros registrados se refere ao número de notificações arquivadas divididas pelo tempo de seguro que possuía o carro.

“A análise revela que os três primeiros estados que legalizaram a maconha tiveram para fins recreativos registraram mais acidentes”, disse Matt Moore, vice-presidente sênior do Instituto de Instituto de Dados sobre Acidentes da IIHS.

Uma outra pesquisa, publicada no American Journal Of Public Health (AJPH), mostrou que os estados que legalizaram maconha (Colorado e Washington) não tiveram um aumento nas mortes no trânsito em relação a outros estados, após a legalização.

Os autores desse estudo analisaram dados federais sobre acidentes de carro letais de 2009 a 2015. "Não encontramos uma associação significativa entre legalização de maconha e mudanças reais no número de acidentes nos primeiros 3 anos após a legalização recreativa da maconha”, concluíram os autores do teste.

Por um lado, uma pesquisa diz que a legalização levou a um pequeno, mas significativo, aumento de acidentes. Por outro, um estudo que concluiu que a legalização não teve efeito significativo em acidentes fatais. Isso que dizer que os dois se contradizem?

Não necessariamente, porque os estudos mediram taxas diferentes: o IIHS analisou as solicitações de seguro para batidas pequenas, enquanto o relatório da AJPH se concentrou mais especificamente em acidentes letais. Portanto, parece ser aceitável que a legalização possa ter consequência em acidentes menores, que não são fatais.

Na verdade, as pesquisas federais mostraram que fumar maconha antes de dirigir eleva o risco de acidentes, porém, é muito menos prejudicial do que a ingestão de álcool, que aumenta drasticamente a probabilidade de um acidente, mesmo que consumido em pequenas doses.

Além disso, os dois estudos utilizaram diferentes linhas de base para comparação. O relatório IIHS comparou estados que legalizaram a droga com outros estados próximos de sua geografia. O estudo AJPH, por outro lado, escolheu estados para comparação não baseados em seu mapa, mas levando em conta outras características, como o fluxo de trânsito, o movimento de estradas, e o tráfego da população.

Ambas as abordagens têm seus pontos fortes. Mas, no final, não é surpreendente que a escolha de diferentes estados de comparação produza resultados ligeiramente diferentes em medidas similares.

Qualquer aumento no número de acidentes de carro é motivo para preocupação. No entanto, os especialistas em saúde pública se preocupam mais com acidentes letais, do que somente sinistros, por razões óbvias. O estudo da AJPH é um novo olhar sobre tudo isso, e vem na sequência da pesquisa anterior, mostrando que as leis para o uso medicinal e recreativo da maconha não estão associados com mortes no trânsito.

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