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Apoiadores do candidato Sebastián Piñera celebrando a sua vitória no segundo turno em Santiago, capital do Chile. | MARTIN BERNETTIAFP
Apoiadores do candidato Sebastián Piñera celebrando a sua vitória no segundo turno em Santiago, capital do Chile.| Foto: MARTIN BERNETTIAFP

O empresário bilionário Sebastián Piñera voltará a governar o Chile nos próximos quatro anos. No segundo turno das eleições presidenciais que ocorreram neste domingo (17), o candidato conservador venceu com folga seu adversário, o senador de centro-esquerda Alejandro Guillier, da Nova Maioria. Segundo informou a agência Estadão Conteúdo, o presidente eleito conquistou 54,6% dos votos, contra 45,6% de seu oponente.

Enquanto os seus apoiadores tomavam as ruas do centro da capital chilena, Piñera declarou, em seu primeiro discurso como presidente eleito, que vai incorporar ideias do programa de governo de Guillier em sua agenda e que estará disposto a dialogar quando houver diferenças. De acordo com a Folhapress, este gesto de aproximação à centro-esquerda foi uma das estratégias de sua campanha, porém, entre suas propostas de governo se destacam os cortes de impostos para empresários e investimento de US$ 14 bilhões em quatro anos para melhorar a infraestrutura do país. 

Apesar da vitória por nove pontos percentuais, Piñera pode enfrentar dificuldades para conseguir aprovar as reformas prometidas durante a campanha eleitoral, já que seu governo é minoria no Congresso e a presença de eleitores que compareceram às urnas foi a menor registrada para uma eleição presidencial desde que o Chile retirou a obrigatoriedade do voto em 2012. 

 

Quem é Sebastián Piñera 

Esta não é a primeira vez que Sebastián Piñera assume o mais alto cargo do Executivo chileno. Ele antecedeu a atual presidente Michelle Bachelet no governo, entre 2009 e 2014. De acordo com reportagem do Washington Post, Piñera é listado como uma dos políticos mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em 2,7 bilhões, de acordo com a Forbes. Já foi dono do canal de televisão Chilevision, de uma grande participação da companhia de aviação Lan Chile e do time de futebol Colo-Colo. No início deste ano foi criticado por ter empresas em offshores e utilizar paraísos fiscais. 

 Partidos do centro perdem força 

Em artigo publicado no The Washington Post, a professora de Ciências Políticas e Estudos Internacionais da Universidade de Richmond Jennifer Pribble, e o professor de Ciências Políticas da Pontifícia Universidade Católica do Chile Juan Pablo Luna, analisaram o cenário político do Chile a partir do resultado das eleições. 

Segundo eles, embora o presidente eleito represente uma coalizão de partidos conservadores, a sua vitória não demonstra claramente uma guinada do governo chileno à direita, após quatro anos de mandato da socialista Michelle Bachelet, mas indica que os partidos de centro e tradicionais estão perdendo força. 

No primeiro turno das eleições, a coalizão de esquerda Frente Ampla obteve 20,27% dos votos e aumentou de 3 para 20 o número de cadeiras ocupadas na Câmara dos Deputados, enquanto que o centrista Partido Democrata Cristão do Chile, da candidata Carolina Goic, conquistou apenas 5,88% dos votos. 

No segundo turno Guillier não conseguiu conquistar os votos do Frente Ampla. Embora alguns líderes da coalizão de esquerda tenham o apoiado, a base do Frente Ampla não se convenceu com os argumentos do candidato, em parte por que os partidos que a compõem são profundamente antissistema e qualquer cooperação com a Nova Maioria (que apoiou Guillier) enfraqueceria a mensagem do Frente Ampla e a credibilidade perante a sua base. 

Descrença no sistema político influenciou as votações 

Outro ponto levantado pelos dois especialistas na reportagem do Washington Post é o descontentamento da população com o sistema político. No primeiro turno apenas 46% dos eleitores aptos a votar compareceram às urnas. Embora o percentual tenha sido um pouco maior no segundo turno, o número de abstenções demonstra uma tendência que já foi percebida nas eleições municipais do ano passado (34% de participação) e nas eleições gerais de quatro anos atrás (49%). 

Além da descrença no sistema político, o novo governo chileno vai enfrentar dificuldades em modificar políticas públicas. Seus aliados somam apenas 73 das 155 cadeiras da Câmara de Deputados, o que significa que Piñera terá que contar com apoio da oposição para aprovar leis. “Ele [Piñera] prometeu reformar políticas fiscais e de educação, mas é improvável que o presidente encontre apoio para mudanças radicais fora de sua coalizão. Isto talvez reforce a percepção do eleitorado de que o Chile está ‘emperrado’, gerando um descontento ainda maior”, conta a reportagem do Washington Post.

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