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Obama com o general David Petraeus, o novo comandante das forças norte-americanas no Afeganistão | Kevin Lamarque/Reuters
Obama com o general David Petraeus, o novo comandante das forças norte-americanas no Afeganistão| Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Reação

Presidente afegão aprova saída de McChrystal

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, reagiu de forma positiva à decisão de seu colega americano, Barack Obama, de afastar o general Stanley McChrystal de seu posto como chefe das tropas da Otan e dos Estados Unidos no Afeganistão.

O afastamento foi respeitado, mas havia uma esperança de que o general fosse mantido no cargo, informou Waheed Omar, porta-voz de Karzai.

"Nós esperávamos que isto não acontecesse, mas a decisão foi feita e nós a respeitamos", disse o porta-voz.

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O presidente dos EUA, Barack Obama, removeu ontem o general Stanley McChrystal do co­­mando das forças americanas no Afeganistão e anunciou como substituto o general David Pe­­traeus, chefe do Comando Cen­­tral dos EUA, que supervisiona operações no Oriente Médio.

O anúncio foi feito após re­­portagem da revista "Rolling Stone’’ revelar o desdém e os in­­sultos que McChrystal e sua equi­­pe reservam para a Casa Branca, abrindo uma crise no comando da guerra.

McChrystal e seus assistentes afirmam no texto, entre outros, que consideram Obama "despreparado e intimidado’’, o general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional, "um palhaço", e o vice-presidente Joe Biden, um incômodo.

Ontem, o presidente disse que não fez a troca por ter se sentido insultado. "O comportamento mostrado no artigo não está à altura de um comandante-geral. [McChrystal] faz pouco do controle civil dos mi­­litares, que está na base de nos­­sa democracia. E corrói a confi­­ança necessária para nossa equipe trabalhar junta e atingir nossos objetivos no Afeganis­­tão’’, afirmou.

Petraeus terá de ser confirmado pelo Senado, o que deve acontecer até terça.

Continuidade

Além de expor as fissuras en­­tre o comando militar e civil quan­­to à guerra, o texto da "Rolling Stone’’ deixou claros os problemas que as forças dos EUA vêm tendo no Afeganistão – antes mesmo de acabar, junho já é o mês mais mortífero da guerra para soldados das forças internacionais, com 76 mortos (46 deles americanos).

A reportagem também suscitou novo debate sobre a estratégia de contrainsurgência. Esse caminho exige alto número de soldados, não só para derrotar o inimigo, mas para viver entre a população e reconstruir um go­­verno viável, num esforço que po­­de levar décadas.

Os planos, porém, serão mantidos, já que Petraeus é um dos responsáveis por sua confecção.

"Esta é uma troca de pessoal, não de estratégia’’, disse o presidente. "Quanto a isso eu e Mc­­Chrystal concordamos inteiramente.’’

Apesar da concordância, se tornou consenso que o presidente tinha poucas opções após ter sua liderança diretamente atacada pelos comentários insubordinados do general. "Louvo o debate, mas não vou tolerar divisões’’, afirmou ele hoje.

"Obama está tentando fazer o melhor em uma situação ruim’’, disse Bruce Riedel, analista do Instituto Brookings. "Pôr Pe­­traeus no lugar [de McChrystal] significa a menor perturbação possível no comando e a continuidade da estratégia.’’

Sacrifício

Petraeus, porém, foi sacrificado pela decisão, que significou uma queda hierárquica. Ele era atualmente responsável tanto pelas operações tanto no Afeganistão quanto no Iraque. Antes disso, comandou as tropas no Iraque, onde implementou o "surge’’, au­­mento do número de soldados ao qual se atribui a diminuição da violência.

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