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O alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Filippo Grandi, cumprimenta o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, em encontro com representantes de países da América Latina e Caribe nesta segunda-feira (19) | SERGIO LIMA
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O alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Filippo Grandi, cumprimenta o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, em encontro com representantes de países da América Latina e Caribe nesta segunda-feira (19)| Foto: SERGIO LIMA AFP

O alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Filippo Grandi, disse nesta segunda-feira (19) que a organização irá buscar apoio internacional para ajudar o Brasil após a entrada de milhares de refugiados venezuelanos no país.

A declaração ocorreu após reunião com o presidente Michel Temer e em meio a um evento, em Brasília, com representantes de países da América Latina e Caribe para discutir soluções para a crise dos refugiados. 

Segundo Grandi, o Brasil tem um "papel primordial" na coordenação de respostas às necessidades dos venezuelanos que chegam ao país, em uma tentativa de fugir da crise que assola o país vizinho. A maioria está atualmente em Boa Vista (RR).

"Falei com o presidente Temer sobre essa resposta, à qual a Acnur (Agência da ONU para Refugiados) dá apoio irrestrito tanto em termos de assistência humanitária, quanto em soluções de longo prazo no programa de interiorização", afirmou, citando a iniciativa do governo federal em enviar venezuelanos a outros Estados além de Roraima.

"E me comprometi pessoalmente com o presidente a buscar apoio com a comunidade internacional para ajudar o Brasil nesta resposta", completou.

Grandi, no entanto, não deu detalhes de como poderia ser esse apoio. De acordo com a Acnur, isso poderia ocorrer tanto por meio de auxílio financeiro às ações ou em novas soluções para acolhida dos refugiados, por exemplo.

Ao todo, a estimativa é que 24 mil venezuelanos já tenham solicitado refúgio no Brasil, informou Grandi à imprensa. "Evidentemente esse número não representa o total [de venezuelanos no país]", explica. Hoje, a estimativa do governo é que ao menos 40 mil venezuelanos já tenham atravessado a fronteira.

Grandi também elogiou o trabalho do Brasil na concessão de vistos humanitários para refugiados da Síria e disse que a organização pretende estudar melhor o processo de como reassentar os sírios no país. 

Mais cedo, o comissário pediu que os países da América Latina "mantenham suas fronteiras abertas" para acolhida de refugiados, "especialmente agora, quando o número está aumentando".

‘Portas abertas’

Em discurso na abertura do evento que pretende colher as sugestões da América Latina para a elaboração de um Pacto Global para os Refugiados, acordo previsto para ser adotado ainda neste ano, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, voltou a afirmar que o Brasil "não fechará as portas" a quem busca refúgio, como os venezuelanos.

"No Brasil, a resposta ao drama dos refugiados tem sido o estrito cumprimento de nossas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e de direitos dos refugiados", afirmou.

Para ele, o governo tem adotado "medidas eficazes" para resolver o problema dos venezuelanos que buscam apoio no Brasil.

"O presidente Temer, cumprindo a legislação brasileira, vem mobilizando o governo, especialmente o Ministério da Justiça, para regularizar a situação dos venezuelanos com maior urgência. Também reiterou na semana passada que o Brasil jamais fechará suas portas para os que buscam refúgio", disse.

Nunes também relembrou o período em que viveu exilado na França, na época da ditadura militar no Brasil. "Eu sei o que é viver no exílio e sei que essa é uma ferida que não se fecha", afirmou.  "Mas sei também o quanto significa e é importante ser recebido com fraternidade e ter condições de se integrar no país de exílio."

Segundo Nunes, a previsão é que um documento com as sugestões dos países da América Latina para a crise dos refugiados seja finalizado até esta terça-feira (20).

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