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Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos | Jim Watson/AFP
Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos| Foto: Jim Watson/AFP

Nenhum presidente americano assustou o mundo como Donald Trump vem fazendo. Suas declarações explosivas, opiniões polêmicas e ações aparentemente erráticas fazem dele um sujeito imprevisível. O novo comandante em chefe dos EUA não tem qualquer pudor em falar frases que deixam o público e a imprensa de queixo caído. Menospreza o papel da ONU, não acredita em aquecimento global e não parece se preocupar com sutilezas diplomáticas. Veja sete motivos para que o mundo esteja preocupado com o mandato de Trump.

Protecionismo

O discurso de Trump é o de criar empregos nos Estados Unidos – favorecendo principalmente os estados que se desindustrializaram pondo um freio na compra de produtos estrangeiros. A ideia é ir na mão inversa da globalização, tentando garantir que empresas americanas mantenham sua produção no solo do país. A política de isolacionismo, que não é típica de governos republicanos, desagrada liberais e cria enfrentamentos com outros países. Trump também fala em acabar com acordos comerciais com outras nações.

Armas nucleares

Trump diz que o arsenal nuclear americano está ficando obsoleto é que é preciso renová-lo. As declarações fazem aumentar receios que já vinham surgindo no governo de Obama, que apesar de apostar em um acordo com a Rússia para diminuição do arsenal, também optou pelo investimento em bombas menores e que pareciam contrariar o princípio básico da fabricação desse tipo de armamento – que normalmente é pensado para não ser utilizado.

O presidente também deu a entender que seria favorável a que mais países, como Japão e Coreia do Sul, adquirissem arsenais atômicos. Apesar de tudo, Trump disse que seria “muito, muito, muito, muito improvável” que ele usasse armas atômicas.

As áreas em que Obama escorregou

Barack Obama deixou a presidência dos EUA em meio a muitos elogios sobre a sua administração. Um balanço das principais promessas e políticas realizadas nos seus oito anos de gabinete indica, no entanto, que Obama deixará sua marca na história com ações que não tiveram o êxito esperado em diversos pontos.

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Falta de tato diplomático

Assim que foi eleito, Trump chocou ao dizer que não se interessava tanto pelos informativos diários da equipe de inteligência do governo. “Eu sou um sujeito esperto”, disse ele, explicando porque achava que precisava da “menor quantidade possível” de informações. Trump também assustou diplomatas ao conduzir de maneira pouco ortodoxa suas conexões com outros países.

Uma ligação direta dele com as autoridades de Taiwan – país não reconhecido pela China continental – fez surgir um problema internacional mesmo antes da posse, agravado pelo fato de seu secretário de Estado, Rex Tillerson, ter declarado no Senado que pretendia impedir o acesso dos chineses a sete ilhas artificiais construídas pelo país, uma posição muito mais radical do que a adotada pelos governos americanos até então.

Sistema de saúde

Trump tem dito que um de seus primeiros atos será acabar com o “Obamacare”, o sistema de saúde criado na gestão de seu antecessor. As contas de uma organização especializada mostram que 18 milhões de pessoas perderiam o seguro saúde devido a essa mudança, apenas no primeiro ano. Em dez anos, esse número poderia chegar a 32 milhões de pessoas.

México e latinos

A questão da imigração ilegal foi central na campanha de Trump. Ele prometeu mandar milhões de pessoas embora do país e fazer com que o México pagasse por um muro na fronteira entre os dois países para impedir a entrada de novos migrantes. A política, que fez sucesso com grande parte da população, é muito mais radical do que os americanos vinham fazendo e fez surgir reclamações veementes de entidades ligadas aos direitos humanos.

Meio ambiente

Talvez a declaração mais chocante de Trump (dentre tantas) tenha sido a de que o aquecimento global foi um boato inventado pelos chineses para obter vantagens econômicas sobre os americanos. Os Estados Unidos têm um papel fundamental para frear o aquecimento global (do qual dificilmente algum cientista sério duvida) e impedir que uma calamidade ambiental ocorra nas próximas décadas. O posicionamento do presidente pode colocar em risco acordos internacionais para redução dos danos ambientais, como o que foi firmado em Paris.

Instituições multilaterais

Donald Trump tem desdenhado com frequência das mais importantes instituições multilaterais do planeta – várias delas criadas após a Segunda Guerra Mundial para diminuir atritos entre as nações. Trump menospreza o papel da ONU e falou em retirar os Estados Unidos da Organização Mundial do Comércio. Em outra frente, também vem dando sinais de que pode desmantelara Otan, organização militar de nações ocidentais.

A esperança da retomada dos empregos nos EUA

Não é preciso dizer que Donald Trump tem seus defensores. Embora assuma a Presidência americana com um índice particularmente baixo de popularidade (40%), o empresário teve mais de 62 milhões de votos. E esse eleitorado tem a esperança de que Trump pode “fazer os Estados Unidos serem grandes de novo”, como prometia seu mais famoso slogan de campanha.

Se o protecionismo é visto por economistas como um perigo, inclusive para a própria economia americana, os eleitores acreditam que lutar para “levar os empregos de volta aos EUA”, como promete Trump, é a coisa certa a se fazer. Em seu discurso de posse, na sexta (20), o novo presidente americano disse que quer não apenas que o país “compre dos EUA” como também que “contrate dos EUA”.

Trump ganhou boa parte de seus votos pelo discurso nacionalista, que promete ser uma retomada de empregos principalmente na indústria, que vem demitindo muito tanto pelos avanços tecnológicos como pela transferência de linhas de produção para locais onde a mão de obra é mais barata. Na posse, momento em que foi mais conciliador do que o costume (chegou a fazer elogios para o casal Obama), disse que vai buscar a cooperação com outras nações – mas que espera que todos compreendam que os Estados Unidos virão em primeiro lugar.

Parte da tarefa de Trump nos próximos meses será convencer os críticos de que seu histrionismo na campanha não se refletirá em ações igualmente extremadas – o que podia ser não apenas deletério como ampliaria a polarização de uma opinião pública demasiadamente dividida. Seus assessores dão a entender que ele é capaz de fazer esse caminho e que o discurso de campanha foi contaminado pela necessidade de ganhar votos com um discurso mais radicalizado.

Agora, no cargo, é possível que Trump passe a se comportar de maneira mais “presidencial”.

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