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| Foto: GOH CHAI HIN/AFP

A cidade de Roterdã, na Holanda, tem um prefeito muçulmano desde 2009. No ano passado, os eleitores ingleses em Londres também elegeram um prefeito muçulmano. E, nesta semana, os democratas dos Estados Unidos estão considerando o representante Keith Ellison, muçulmano, para o próximo cargo de presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata.

Todos esses são exemplos de democracias de maioria cristã que vêm se tornando mais abertas a políticos muçulmanos – com base apenas em sua competência como líderes políticos. Mas, e quanto aos cristãos concorrendo a cargos políticos em países de maioria muçulmana? Será que é possível encontrar neles uma aceitação semelhante no tocante à religião?

Um bom exemplo está acontecendo agora na Indonésia, a mais populosa nação muçulmana e terceira maior democracia do mundo. No dia 15 de fevereiro, na corrida eleitoral pelo cargo de governador da sua capital, Jakarta, dos três candidatos, foi o cristão – que está diante de acusações de blasfêmia por ter supostamente feito um comentário negativo quanto ao Corão – quem ganhou a maioria dos votos (43%), contra os seus dois rivais, de fé muçulmana. Essa vitória inicial foi significativa para o governador Basuki “Ahok” Tjahaja Purnama, uma vez que mais de 80% do eleitorado é muçulmana. Além disso, seus oponentes fizeram imensos comícios pró-islã, na tentativa de vencê-lo.

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Basuki, que é etnicamente chinês, concorreu com base no seu histórico como reformista e como um político idôneo. Ele herdou o cargo em 2014 após o então governador Joko “Jokowi” Widodo (muçulmano) ter sido eleito presidente da Indonésia. Os dois são aliados. Basuki propôs o argumento, bastante persuasivo, de que ele deveria ser conhecido por seus feitos, não por sua fé. Ele agora enfrentará, no dia 19 de abril, o ex-ministro nacional da educação Anies Baswedan no segundo turno, que ficou alguns pontos percentuais atrás dele na primeira votação.

A Indonésia, uma nação do sudeste da Ásia de 250 milhões de habitantes, tem um governo e Constituição laicos desde 1945. Sua democracia ainda é jovem, e o país derrubou um líder autoritário, Suharto, em 1998. Nos últimos anos, houve uma ascensão de partidos defensores do islamismo político.

Se Basuki vencer a eleição, é possível ainda que ele seja processado por seus comentários recentes sobre o livro sagrado dos muçulmanos, que ele afirma terem sido citados fora de contexto. Mas pode ser que qualquer processo jurídico demore anos para ser resolvido.

Nesse meio tempo, uma vitória eleitoral para Basuki poderia transmitir a mensagem, para boa parte do mundo islâmico, de que um teste de fé para os políticos não corresponde ao propósito básico do governo como um protetor neutro de cidadãos de todas as religiões.

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